Governo está na contramão do mundo e da história, diz Pérsio Arida
Ex-presidente do Banco Central foi um dos signatários da carta que pede maior controle do desmatamento da Amazônia
O economista e ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida foi um dos participantes da carta assinada por 17 ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central que alerta sobre os perigos econômicos que o Brasil pode sofrer caso negligencie o combate ao desmatamento da Amazônia. Em entrevista para a CNN na terça-feira (14), Arida disse que a carta vem para tentar convencer o governo a retomar a seriedade com que outros governos trataram do assunto, mas afirmou não ter esperança na gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“É um governo que está na contramão do mundo e da história. A cobrança é para que o atual governo volte a ter a seriedade que os anteriores buscaram para controlar o problema do desmatamento da Amazônia. Se fizerem isso, vai ser um grande progresso. Esse comportamento destrutivo em relação a Amazônia nunca aconteceu no governo brasileiro. Além de políticas erradas, há a tentativa de evitar que os dados venham a público”, disse Arida.
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Uma das propostas da carta é que o governo assuma o compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia, o que segundo Arida é um pedido factível, pelo nível do agronegócio brasileiro.
“A agricultura brasileira não precisa de desmatamento. Ela é intensiva em tecnologia e nosso volume de pastagens é tão grande que é factível explorar a fronteira agrícola sem desmatar a floresta. Nosso agronegócio não depende da floresta amazônica”, afirmou.
Arida disse também que o governo deve “restaurar os órgãos de controle e firmar um compromisso” e deixar de acusar outros países de poluirem mais que o Brasil. “Nós temos que cobrar deles o respeito ao limite de emissão de gases e eles cobram de nós sobre a Amazônia, que é um patrimônio nosso, mas também da humanidade.”
(Edição: Bernardo Barbosa)