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    Confira os temas que caíram na prova da Fuvest deste domingo (4)

    Vestibular é a principal porta de entrada para a Universidade de São Paulo (USP)

    Priscila Mengue, do Estadão Conteúdo

    A primeira fase do vestibular da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) trouxe questões interdisciplinares, com temas variados, em grande parte relacionados ao Brasil. Entre os assuntos abordados, estavam as milícias cariocas, o uso do termo “colaborador” nas empresas e a proposta do governo Jair Bolsonaro (PL) de extinção de proteções a manguezais barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

    A aplicação do vestibular, principal porta de entrada da Universidade de São Paulo (USP), ocorreu na tarde deste domingo (4).

    A prova abordou questões de gênero, como a inserção da mulher no mercado de trabalho, a participação feminina na política e a relação com raça, com base na mulher negra ter menor prestígio e remuneração no trabalho.

    O ambiente profissional também foi abordado a partir de um texto do sociólogo Jessé Souza, que abordava a difusão do termo “colaborador”, em vez de funcionário, nas empresas.

    Temas relacionados ao meio ambiente tiveram destaque, como o efeito estufa e o uso de fertilizantes e agrotóxicos. O destaque nesse ponto foi a questão que fez referência a uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), durante o período em que Ricardo Salles foi ministro do Meio Ambiente, que extinguia áreas de proteção permanente (APPs) em manguezais e restingas do litoral brasileiro.

    A medida foi barrada pelo STF, com o entendimento de que era inconstitucional.

    Em outros temas, questões abordaram as relações do Brasil com outros países da América Latina, como similaridades com o Equador e o México. Referências internacionais também estiveram presentes em perguntas sobre a divisão territorial da África antes e depois da colonização e o colapso da União Soviética, por exemplo.

    A canção Sujeito de Sorte, do cantor Belchior, também foi citada, em uma parte sobre gramática.

    O tema do “monopólio da violência” também foi tratado. A prova trazia um texto do intelectual alemão Max Weber e propunha uma discussão relacionada às milícias do Rio de Janeiro.

    No caso da ditadura militar, foi abordado um momento histórico anterior ao golpe: o “Comício das Reformas”, feito pelo então presidente João Goulart na Central do Brasil, em março de 1964. A questão trazia duas imagens do evento e perguntava se as faixas exibidas apontavam um apoio a Jango.

    Para Giba Alvarez, diretor do Cursinho da Poli, uma das questões que chamou a atenção foi a que trouxe um texto com um italiano aportuguesado, escrito por imigrantes recém-chegados ao País. Embora não estive em português, o professor avalia que o conteúdo não trouxe dificuldades mesmo para os candidatos que não conhecem o idioma estrangeiro.

    “Dava para entender pelo contexto. Tinha uma comparação entre o ambiente da Itália e do Brasil, como na Canção do Exílio, do Gonçalves Dias”, comenta.

    O gabarito e o conteúdo serão divulgados pela Fuvest no início da noite deste domingo, a partir das 19 horas. Ainda segundo o diretor do Cursinho da Poli, que fez a prova, a edição deste ano trouxe oito questões em inglês, parte delas interdisciplinares.

    Uma trazia elementos da física para abordar a instalação de painéis solares em regiões periféricas. Outra apresentava um meme relacionado à química.

    Na avaliação do professor, a prova trouxe o conteúdo que se exige no ensino médio, mas de forma interdisciplinar e sem divisões dentro da prova. Ou seja, não tinha como o estudante escolher iniciar por física ou química, pois as questões estavam espalhadas, por vezes de forma interdisciplinar.

    Ele avalia que foi uma edição de “média complexidade”, semelhante ao nível do ano passado, com textos e alternativas curtos, enunciados claros e muitas imagens, tabelas e gráficos.

    “Foi uma prova muito inteligente e bem feita. Exigia um repertório muito grande”, diz. “A prova da Fuvest deste ano teve mais cara de Enem do que o Enem teve de Fuvest”, compara.

    Na avaliação do professor, o vestibular da USP buscou selecionar um “estudante leitor e estudioso, que se interesse pelo mundo que vive e tem formação crítica, que sabe fazer leitura de gráficos e que tem a língua estrangeira como algo obrigatório para ele.”

    A prova também trouxe questões sobre leituras obrigatórias da Fuvest. Uma delas se referia a Angústia, de Graciliano Ramos, relacionada a uma frase de Santo Agostinho sobre a medição do tempo. Trechos de textos de Carlos Drummond de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda também foram apresentados.

    Ao todo, a prova contou com 90 questões interdisciplinares de múltipla escolha, que envolviam as áreas de biologia, física, geografia, história, inglês, matemática, português e química. Todas tinham cinco alternativas e apenas uma opção correta.

    A edição deste ano contou com 114,4 mil inscritos, sendo 104 mil candidatos e 10,3 mil “treineiros”, estudantes dos primeiros anos do ensino médio. Para 2023, a USP oferece 8.230 vagas de ingresso pela Fuvest.

    Entre os cursos, a graduação em Medicina em São Paulo é a mais concorrida, com 118 candidatos por vaga. Na sequência, os com mais procura são Medicina em Ribeirão Preto, com 95,9 candidatos por vaga, e Medicina em Bauru, com 78,3. Psicologia e Relações Internacionais, ambos na capital paulista, compõem o topo da lista, com, respectivamente, índices de 70,6 e 54,7.

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