Funcionária que assinou exames errados de HIV deve se entregar à Polícia hoje
Jacqueline Iris Bacellar de Assis é considerada foragida; sócio e técnico do PCS Lab Saleme foram presos em operação nesta segunda (14)
A funcionária do PCS Lab Saleme que assinou exames de HIV com resultados incorretos, Jacqueline Iris Bacellar de Assis, deve se entregar à Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta terça-feira (15). A informação foi confirmada à CNN pelo advogado dela, José Félix.
Na manhã da última segunda-feira (14), o sócio principal do laboratório, Walter Vieira, e o técnico contratado para fazer a análise do material, Ivanilson Fernandes, foram presos em uma operação deflagrada pela Delegacia do Consumidor (Decon). Jacqueline e um outro funcionário são considerados foragidos.
Ao todo, seis pessoas foram infectadas com o vírus HIV após receberam órgãos transplantados, devido aos resultados de exames com “falsos-negativos” para sorologia de HIV apresentados pelo laboratório PCS Lab Saleme. Segundo a polícia, os administradores do laboratório visavam obter lucro.
É o nome de Jacqueline que aparece na assinatura dos laudos destes exames incorretos, junto à informação de que ela seria biomédica. Porém o número de registro utilizado na assinatura eletrônica pertence a outra pessoa.
A portadora do registro no Conselho Regional de Biomedicina é Júlia Moraes, que não exerce mais a profissão e está com o cadastro inativo desde junho de 2023.
Em nota enviada à CNN, o Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região (CRBM1) informou que acompanha o caso de infecção de pacientes transplantados no Rio de Janeiro.
O órgão confirma que Jacqueline não possui registro e que o número utilizado pertence à profissional Júlia Moraes de Oliveira Lima.
Questionado sobre o caso, o Laboratório PCS Lab Saleme informou que Jacqueline assinou diversos exames nos últimos meses e que, ao ser contratada, apresentou diploma de formação como biomédica. A empresa chegou a divulgar uma suposta troca de mensagens com a funcionária no momento da contratação.
À CNN, o advogado de Jacqueline, José Félix, disse que ela desconhece a conversa apresentada pelo laboratório à imprensa. “A senhora Jacqueline tem um diploma de certificação na área de patologia. Ela jamais cursou o curso de biologia medicina. Não tem nenhum diploma da área e desconhece qualquer documento”, afirmou o representante legal.
Consultada, a universidade afirma que não emitiu certificado de conclusão de curso de graduação à Jacqueline.
De acordo com a defesa, a profissional atua no laboratório PCS Lab, na Baixada Fluminense, há cerca de um ano como assistente administrativa e não tinha poder para assinar laudos e resultados de exame, os quais, segundo o representante legal, eram recebidos por sua cliente e encaminhados para o médico do laboratório, Walter Vieira, que seria responsável por assiná-los.
Relembre o caso
Autoridades investigam a infecção de pacientes com HIV após receberam órgãos transplantados no Rio de Janeiro. O caso é analisado pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Sáude, Polícia Federal, Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro.
De acordo com reportagem veiculada inicialmente pela BandNews FM, seis pessoas contraíram a doença após passarem pelo procedimento. O caso foi confirmado pela CNN.
Dois doadores teriam feito exame de sangue em um laboratório privado na Baixada Fluminense e os resultados apresentaram falso negativo.
A CNN confirmou que os testes foram realizados pelo laboratório PCS Lab Saleme, que possui sede em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
O laboratório foi contratado pela Secretaria de Estado de Saúde para testar os doadores de órgãos.
Segundo apurou a CNN, os infectados já estão cientes e órgãos de outros 288 doadores estão passando por nova testagem no estado.
É a primeira vez que algo do tipo ocorre no Brasil. Apenas no Rio de Janeiro, 16 mil pessoas já passaram por transplantes desde 2006.