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    Fuga do presídio de Mossoró: o que se sabe sobre o caso após duas semanas de buscas

    CNN faz cronologia da fuga, da perícia e das buscas que já somam 15 dias com uma força-tarefa de 600 agentes

    Elijonas Maiada CNN

    Brasília

    Há exatamente duas semanas, às 3h47 do dia 14 de fevereiro, Deibson Nascimento e Rogério Mendonça escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), em uma fuga inédita registrada no Sistema Penitenciário Federal (SPF).

    Os dois integrantes da facção Comando Vermelho fugiram pela luminária que estava na cela, chamada pela perícia da Polícia Federal de “shaft de manutenção”.

    Após isso, os peritos criminais federais detalharam que os fugitivos se deslocaram através de um espaço que interliga as celas. Posteriormente, os presos conseguiram acessar o telhado do presídio e desceram utilizando um poste de luz localizado nas proximidades.

    A reportagem teve acesso às informações do relatório, que reforçaram a metodologia de fuga divulgada com exclusividade pela CNN ainda no dia da fuga. Na cela dos fugitivos foram encontrados artefatos artesanais contendo materiais metálicos que teriam sido utilizados para realizar os cortes e perfurações necessários para a fuga.

    O concreto foi quebrado por “objetos artesanais metálicos”, como alicates, permitindo assim a abertura do espaço de fuga.

    Dentro deste espaço há uma escada metálica que dá acesso à laje de cobertura do presídio. A perícia aponta que os criminosos escalaram essa escada, alcançando um teto revestido com telhas de fibrocimento. Em seguida, removeram algumas telhas, permitindo-lhes acesso à cobertura da penitenciária.

    Família refém e esconderijos

    Dois dias após a fuga, na noite do dia 16, os dois fugitivos do presídio federal de Mossoró fizeram uma família refém, segundo relatos feitos aos investigadores do caso. A dupla teria levado celulares e alimentos, além de terem pedido para ver notícias sobre a fuga.

    A casa invadida pelos foragidos fica na área rural da cidade, ao final de uma rua voltada para uma região de mata. De acordo com as informações repassadas pela vítima às autoridades, os dois chegaram pelo mato, por volta de 19h30, e saíram por volta de 00h30 de sábado (17).

    Eles pediram celulares, viram redes sociais e assistiram jornais, segundo os relatos.

    De 19 a 23 de fevereiro, os dois ficaram em um esconderijo na região de Baraúna, a 22 km do presídio, segundo a polícia. Fotos do esconderijo às quais a CNN teve acesso mostram uma área de difícil acesso. Foram encontrados facão, lona e embalagens de alimentos na mata.

    Um buraco que teria sido usado para esconderijo também foi encontrado. A suspeita é que os dois ficaram no local durante a noite para evitar que fossem identificados pelos drones com sensor de calor humano.

    O dono do sítio disse à polícia que foi coagido a ajudar, mas os investigadores descobriram que ele recebeu R$ 5 mil durante essa semana. A Justiça determinou a prisão dele e ele foi detido pela Polícia Federal.

    Casas invadidas

    Mais de uma casa foi invadida na região rural em 15 dias e há relatos que eles tenham sido vistos em um vilarejo. O registro mais recente é de 26 de fevereiro, quando os fugitivos entraram em uma casa e roubaram 3 celulares e logo em seguida partiram em fuga. Policiais acharam um celular em uma das possíveis rotas de escape dos bandidos.

    Prisões

    Em duas semanas de buscas, cinco pessoas foram presas por ligação com a fuga. Em 21 e 22 de fevereiro, a Polícia Federal prendeu três suspeitos de terem ajudado os criminosos.

    De acordo com a investigação, o primeiro foi preso no dia 21, quando chegava em casa em Mossoró. Contra ele havia um mandado de prisão preventiva emitido pela Justiça.

    Outros dois foram presos em flagrante, no dia 22, com armas e drogas, também em Mossoró. Na ação, os policiais também apreenderam um carro, que seria periciado.

    Na manhã do dia 23, em Rio Branco, no Acre, o irmão de um dos fugitivos da penitenciária foi preso. O homem, que não teve a identidade revelada, tinha um mandado de prisão em aberto contra ele. Ele é condenado por roubo e por participação em organização criminosa.

    Os policiais da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Acre chegaram até ele em virtude das investigações contra o seu irmão, um dos criminosos que fugiu de Mossoró, mas o motivo da prisão não foi informado.

    E o quinto preso foi o dono do sítio que abrigou os dois fugitivos e tinha o esconderijo na mata, recebendo pagamento de R$ 5 mil.

    Buscas e recompensas

    As buscas entraram no 15º dia com um contingente de 600 policiais, da Polícia Penal Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Penal, da Força Nacional e das polícias locais. Estão sendo usados drones e helicópteros.

    No dia 24, o governo anunciou recompensa de R$ 15 mil por foragido para informações que levem até os fugitivos. O objetivo é contar ainda mais com ajuda dos vizinhos na caçada.

    Afastamentos

    No dia da fuga, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou o afastamento imediato da então direção da Penitenciária Federal em Mossoró e escalou um interventor para comandar a gestão da unidade.

    O policial penal federal Carlos Pires assumiu o presídio e comanda uma investigação interna. Ele embarcou para a cidade na comitiva do secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia.

    No dia 21, a corregedoria da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) afastou três servidores que atuam no presídio federal de Mossoró (RN). Os funcionários eram os responsáveis pelas áreas de inteligência, segurança e administração do presídio.

    Expectativa

    Desde o começo da força-tarefa de recaptura, a expectativa dos integrantes do Ministério da Justiça é que o caso não passasse do primeiro fim de semana. Após 15 dias e com metodologias de buscas diversas implementadas, integrantes ouvidos pela reportagem reforçam a garantia que os dois “criminosos serão capturados”, mas não dão prazo. Dizem, sob reserva, “logo mais”.