Fisioterapeuta é condenado a mais de 12 anos de prisão por estuprar paciente em UTI de SP
Além do cumprimento da pena, homem terá que pagar R$ 10 mil de indenização à vítima; defesa ainda pode recorrer
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou o fisioterapeuta Nicanor dos Santos Modesto Júnior a 12 anos, 5 meses e 10 dias de prisão em regime fechado por estupro de vulnerável.
Nicanor, de 46 anos, foi sentenciado pelo abuso cometido contra uma publicitária de 29 anos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Luiz, no Jabaquara, zona sul de São Paulo.
O julgamento ocorreu no dia 16 de junho, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste da capital. Na sentença, a juíza Renata Malahem da Silva determinou que o réu também pague R$ 10 mil de indenização para a vítima, como forma de compensação por danos morais.
A defesa do fisioterapeuta ainda pode entrar com recurso.
Segundo a acusação da promotoria, em 23 de janeiro deste ano, Nicanor tirou o avental da paciente, que se recuperava de uma cirurgia na coluna, e depois colocou os dedos em suas partes íntimas, alegando que se tratava de uma técnica para “aliviar dores musculares”.
Ainda de acordo com o documento, a ação teria ocorrido mais de uma vez.
Na mesma data, uma denúncia foi registrada pela publicitária, e o profissional foi afastado do hospital em que trabalhava. “Esclarecemos que ele era funcionário de uma empresa de fisioterapia terceirizada e prestava serviços na unidade há cerca de um mês”, comunicou o hospital na época.
Em fevereiro, o Ministério Público de São Paulo ofereceu denúncia ao Tribunal de Justiça do estado. Com a prisão decretada pelo TJ em março, Nicanor fugiu, mas foi encontrado dois meses depois próximo à cidade de João Monlevade, no interior de Minas Gerais.
O fisioterapeuta foi detido pela Polícia Rodoviária Federal e transferido para São Paulo.
Procurada pela CNN para comentar a condenação, a advogada da publicitária, Luciana Terra, afirmou que a decisão legitima o relato da vítima ao reconhecer sua vulnerabilidade e debilidade física.
“A condenação e manutenção da prisão vêm para reforçar que vale a pena acreditar na Justiça e denunciar a violência para garantir a proteção dessas mulheres”, disse a advogada.
A vítima, que prefere não se identificar, também se pronunciou sobre a decisão da juíza. “Hoje tivemos uma vitória, e digo isso no plural, porque essa luta não é apenas minha”, afirmou a publicitária.
“Eu não sei o motivo pelo qual isso aconteceu, mas sei que Deus me permitiu atravessar e ser porta-voz, ser talvez [uma] força, para outras mulheres que viveram o mesmo.”
A CNN tentou contato com a defesa do réu, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Caso não é o primeiro envolvendo o fisioterapeuta
Além da condenação, Nicanor dos Santos Modesto Júnior enfrentou outras acusações ao longo dos anos.
Em 2007, na Bahia, uma denúncia de abuso contra uma criança, de 7 anos, foi registrada contra ele; o processo foi arquivado.
Em fevereiro de 2022, um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia de polícia de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, sob a alegação de que o fisioterapeuta teria abusado sexualmente de uma mulher grávida dentro de uma maternidade onde trabalhava na época.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, em fevereiro deste ano foi oferecida outra denúncia pelo Ministério Público ao TJ após a conclusão das investigações desse último caso, mas ainda não houve julgamento. O processo tramita em segredo de Justiça.
*Sob supervisão de Vinícius Bernardes, da CNN, em São Paulo