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    Família de Moïse Kabagambe vai operar quiosque onde congolês foi morto

    Prefeitura do Rio, em parceria com a Orla Rio, quer que o local se torne um ponto de transmissão da cultura de países do continente africano

    Nathalie Hanna Alpacada CNN* , No Rio

    A Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento do Rio de Janeiro transformará os quiosques Biruta e Tropicália, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, onde o congolês Moïse Kabagambe foi assassinado no dia 24 de janeiro, em um memorial em homenagem à cultura africana. O espaço será operado pela família do jovem.

    O objetivo da medida, segundo o órgão, é promover a integração social e econômica de refugiados africanos e reafirmar o compromisso da cidade com a promoção de oportunidades para todos. A ação será realizada em parceria com a Orla Rio, concessionária que opera os estabelecimentos.

    O secretário municipal de Fazenda e Planejamento do Rio, Pedro Paulo Carvalho, afirmou que o ocorrido não é da natureza do Rio de Janeiro e que é necessário que a cidade seja antirracista, acolhedora e comprometida com a justiça social. Segundo ele, a homenagem vai simbolizar uma memória que não deve acontecer novamente.

    “A transformação do local busca ser uma reparação à família, uma oportunidade de inserção socioeconômica de refugiados, além de um ponto de transmissão da cultura africana. E um memorial em homenagem a Moïse Kabagambe representará naquele espaço público uma lembrança para que não seja fácil esquecer e que jamais se repita a barbárie que o vitimou”, ressalta o secretário.

    As oportunidades de emprego dos dois quiosques, de acordo com ele, deverão ser oferecidas a refugiados africanos residentes na cidade. O prefeito Eduardo Paes (PSD), postou em sua rede social neste sábado (5), que a família de Moïse passou a ser a nova concessionária do quiosque.

    A prefeitura e a Orla Rio, em parceria com o Sesc, o Senac e organizações sociais, vão criar um programa de treinamento e capacitação para esses imigrantes atuarem no setor de alimentação.

    As mudanças previstas incluem reformulação da arquitetura dos quiosques, para que eles se transformem em um espaço de celebração da cultura do povo africano. Segundo o município, o objetivo é transformar os quiosques em referência cultural, com comida típica, música e artesanato.

    A Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento reiterou que tanto a concepção quanto a execução do projeto serão realizadas por profissionais negros e com foco na promoção e celebração da cultura africana. O espaço também poderá ser utilizado para exposições de arte e apresentações musicais típicas, além da realização de feiras de artesanato.

    A Prefeitura do Rio de Janeiro não citou prazos para que a transferência seja feita à família de Moïse Kabagambe.

    A Secretaria de Fazenda da cidade do Rio de Janeiro afirmou que a família de Moïse aceitou a concessão do quiosque e que na próxima segunda-feira (7) vai se reunir com o secretário Pedro Paulo para tratar do assunto.

    O advogado Rodrigo Mondengo confirmou que a família está de acordo com a concessão, que será uma fonte de renda para a família, e disse que no local será criado um memorial.

    Memória do caso

    O congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, morreu após uma sequência de agressões ocorridas depois de ter cobrado o pagamento de duas diárias atrasadas no quiosque que trabalhou, de acordo com a família.

    A família do congolês chegou ao Brasil em 2014, todos na condição de refugiados políticos, para fugir da guerra e da fome. De acordo com a embaixada da República Democrática do Congo, em Brasília, Moïse é a quinta vítima assassinada no país desde 2019.

    De acordo com a representação diplomática, foram três mortes no Rio de Janeiro, uma em São Paulo e uma em Brasília. O caso de Moïse Kabagambe está sob investigação na Delegacia de Homicídios da capital do estado. Até o momento, foram prestados 12 depoimentos.

    *Sob supervisão de Stéfano Salles

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