Família de 9 pessoas é mantida refém por 20 anos por homem em Minas Gerais
Suspeito foi indiciado e deve responder por cárcere privado, estupro de vulnerável, violência psicológica, aborto e ocultação de cadáver
Uma família foi mantida em cárcere privado por mais de 20 anos na área rural de Novo Oriente de Minas, no Norte de Minas Gerais. Um homem, de 54 anos, foi indiciado por fazer sua própria família refém por mais de duas décadas.
A Polícia Civil de MG concluiu que o suspeitou praticou diversos crimes contra sua mulher, de 40 anos, os sete filhos, com idades entre 3 e 22 anos, e sua sogra, que já faleceu.
As investigações levaram cerca de um mês e iniciaram a partir da denúncia de uma das filhas do homem. Ela relatou em um boletim de ocorrência que vivia há mais de 23 anos com a família nessa situação.
O suspeito foi indiciado por cárcere privado, estupro de vulnerável, violência psicológica, aborto e ocultação de cadáver.
O homem já está preso preventivamente, enquanto sua esposa e os filhos estão em segurança em outro estado. Após ser preso, ele negou todas as acusações, não demonstrou nenhum arrependimento e disse que tratava a família com muito carinho e era um pai muito amoroso.
A delegada responsável pelo caso, Hérika Ribeiro Sena, afirma que o homem manteve sua companheira em cárcere durante quase todo o tempo que viveram juntos.
“A vítima só saía de casa para receber o benefício e, muitas das vezes, era acompanhada por ele. Nenhum vizinho a conhecia, nem mesmo parentes tinham acesso a ela”, explica.
A mulher sofreu três abortos após ser obrigada a ingerir medicamentos, segundo a delegada. Um dos fetos já tinha 8 meses. A investigadora contou que também havia violência psicológica que desencadeou em um quadro de depressão na vítima.
A delegada revelou que uma das filhas sofreu um aborto sem sucesso de um feto de 6 meses. O bebê sobreviveu e foi socorrido por uma parteira.
“Tivemos informações de que ela ficou muito mal de saúde, mas ele não lhe deu acesso à assistência médica”, contou. Hérika ainda disse que os fetos foram enterrados no quintal de casa, onde a polícia encontrou uma roupinha de bebê.
Em relação às filhas, a polícia recebeu informações da prática de atos libidinosos contra as crianças. “O suspeito inclusive chegou a furar parede da casa para ver as meninas se vestindo, tomando banho”, conta a delegada.
Ela ainda que a sogra do suspeito também foi violentada sexualmente. “Ela teve uma doença, ele não concedeu assistência médica e a senhora faleceu”, completou.
A polícia enviou o inquérito finalizado ao Ministério Público de Minas Gerais, que pode aceitar o indiciamento e formular uma denúncia contra o homem.