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    Facção dos fugitivos de Mossoró, Comando Vermelho tem estrutura de franquias e rivaliza com PCC no cenário nacional

    Especialista em crime organizado explica como atuam as duas maiores facções do Brasil

    Pedro Venceslau

    Os dois foragidos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, são integrantes da facção Comando Vermelho (CV) no Acre e operam dentro de uma estrutura de negócio similar a de uma franquia.

    A organização, que nasceu em 1979 no Rio de Janeiro, é a única que compete nacional e internacionalmente no mercado de drogas com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

    As duas organizações têm estruturas diferentes.

    “O Comando Vermelho tem dimensão nacional e força em muitos estados, mas tem uma estrutura diferente do PCC. Enquanto o PCC que tem uma hierarquia e uma burocracia conectada –as ‘sintonias’–, o CV tem lideranças autônomas que compartilham uma cadeia logística com a mesma bandeira”, disse à CNN o jornalista e pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos de Violência da USP.

    Manso é autor de vários livros sobre o crime organizado, entre eles “A Guerra: A Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil”.

    Os dois fugitivos de Mossoró foram transferidos para o presídio federal de Mossoró em 27 de setembro do ano passado após se envolverem em uma rebelião no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco (AC).

    O Comando Vermelho no Acre atua em parceria com uma facção local chamada Bonde dos 13, que é ligada ao PCC.

    Manso lembra que o grande líder do CV hoje ainda é Marcinho VP, que cumpre pena no presídio federal de Catanduvas, no Paraná.

    O nome de maior expressão da facção hoje que está nas ruas é Wilton Carlos Rabelho Quintanilha, conhecido como Abelha, que é apontado como membro “conselho” da facção, segundo fontes da polícia.

    Os “franqueados” do CV mantém um rede de networking na qual compartilham fornecedores, compradores e redes de transporte

    “O PCC e o CV são como a Coca-Cola e a Pepsi no mercado internacional de drogas. Cada uma tem sua estrutura, estratégia e rede de networking”, disse Paes Manso.

    Entre 2017 e 2018, as duas facções se aproximaram para unir forças contra o aumento do rigor nos presídios federais.

    No ano passado, o périplo da esposa de um dos supostos líderes do Comando Vermelho no Amazonas em eventos organizados pelo governo federal e gabinetes de Brasília expôs uma estratégia do crime organizado de se infiltrar nos movimentos sociais ligados à causa carcerária para defender demandas políticas do PCC e do Comando Vermelho.

    Na passagem por Brasília, Luciane Farias, mulher do traficante Clemilson dos Santos, conhecido como Tio Patinhas, preso em 2022, estava credenciada como presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), uma organização não-governamental que atua no movimento do estado.

    Tio Patinhas comanda a “franquia” do CV no Amazonas.