Fábrica de caminhões cria ambulatório de campanha durante retomada da produção
Especialistas preveem que a retomada não deve ser nada fácil. Mas boa parte das montadoras de caminhões e ônibus no Brasil já começaram a retomada da produção
A indústria automotiva do Brasil teve queda de 99% na produção de abril ante março. Jamais uma marca tão baixa foi vista desde o inicio das contagens para esse setor, em 1957.
“Foi assustador, porque a gente não sabia o que ia ser daqui para frente. Foi assustador, vendo tanto a Mercedes quanto outras empresas parando no geral”, conta o líder de produção Marcio Videro.
Marcio vive essa crise de perto. Ele trabalha em uma fábrica de caminhões e ficou mais de 40 dias em casa em férias coletivas.
“A gente já pensa no lado da economia do país além do nosso lado como pai de família, preocupado como vai ser o futuro”, relata o líder de produção.
A produção de abril somou apenas 1.800 carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. A indústria tem uma capacidade para produzir cerca de 5 milhões de veículos por ano no Brasil — o equivalente a uma média acima de 400 mil veículos por mês.
“Mesmo em períodos que nós tivemos greves e outras crises, nós nunca enfrentamos um nível tão baixo de produção de autoveículos no país”, explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Especialistas preveem que a retomada não deve ser nada fácil. Mas boa parte das montadoras de caminhões e ônibus no Brasil já começaram a retomada da produção desde o inicio de maio, como é o caso da fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Dos quase dez mil funcionários, metade ainda está em casa. Mas a outra metade já retomou as atividades na linha de produção.
Mas colocar cerca de 4.500 funcionários para trabalhar no meio de uma pandemia requer um cuidado especial com a saúde deles. Por isso que a montadora criou um ambulatório de campanha dentro da fábrica, destinado exclusivamente para o combate à Covid-19.
“A gente faz todo o tratamento aqui. A gente faz os exames para trazer uma confiança nessa fase tão difícil de Coronavírus”, conta o Dr. Fabrício Morais Salgado, chefe da equipe médica da Mercedes-Benz.
Tudo começa na chegada à fabrica. Logo de cara, um termômetro infravermelho. Se a temperatura do funcionário estiver acima de 37,5 graus, ele é encaminhado direto para o ambulatório. Com 30 profissionais de saúde e quatro leitos, o ambulatório tem a capacidade de realizar 50 atendimentos por dia.
“A gente fez um ambulatório bem grande, de 150 metros quadrados. Então para a quantidade de empregados que estão retornando, a gente acredita que vai conseguir fazer o atendimento mesmo que a situação complique, mesmo que tenha um maior numero de empregados suspeitos”, conta o Dr. Fabricio.
Por estar dentro de uma fábrica de caminhões, um veiculo considerado mais útil no momento que os carros de passeio, aos poucos, os funcionários estão retornando aos seus postos.
Na volta, uma nova realidade. Montagem de caminhões, agora só de máscara. Medição de temperatura na portaria e no refeitório. Desinfecção na calçada. Higienização constante das peças. Distanciamento na hora de comer e na sala de espera do hospital da fábrica. Todos sinais do novo padrão do setor automotivo.