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    Explosão em restaurantes do PI pode ter ocorrido por vazamento de gás iniciado por gato

    Laudo da Polícia Civil aponta que ação do felino é uma das hipóteses; estabelecimentos ficaram destruídos e uma pessoa se feriu

    Catarina NestlehnerTiago Tortellada CNN , em São Paulo

    Um gato pode ter iniciado um vazamento de gás que resultou em uma forte explosão, que destruiu dois restaurantes do grupo Coco Bambu em Teresina (PI), em 21 de dezembro de 2022.

    Academia, lojas, clínicas e outros estabelecimentos situados nas proximidades sofreram impactos com a explosão.

    O laudo da investigação da Polícia Civil analisou as câmeras de segurança, plantas do local e equipamentos, além de ter ouvido testemunhas.

    Restaurante Vasto após explosão em Teresina. / Reprodução/Redes Sociais

    Segundo as autoridades, o vigilante do Vasto relatou que ouviu um estalo por volta das 3h da manhã, além de som “compatível com um vazamento de gás” e um cheiro muito forte do produto.

    Ele avisou, então, os vigilantes do Coco Bambu e tentou contato com o gerente do Vasto e com o Corpo de Bombeiros, mas não teve sucesso. Isso, segundo a perícia, aconteceu às 3h40, e a explosão ocorreu às 6h30, indicando quase 3h de vazamento de gás.

    Também foi averiguado que um auxiliar de manutenção estava pernoitando no restaurante naquele dia. O funcionário relatou informalmente que isso aconteceu por ter feito um trabalho extra fora do local e que teria terminado muito tarde e moraria muito longe.

    Ao acordar, ele sentiu um cheiro muito forte de gás e fechou o registro geral, localizado na casa de gás. Após um período, o funcionário foi até o hall de entrada da cozinha e acionou o interruptor dos exaustores, “provavelmente na intenção de dissipar o gás que se encontrava confinado naquele ambiente”.

    De acordo com a polícia, a centelha deu ignição na explosão. Não se sabe, porém, se o auxiliar de manutenção ligou o equipamento por intenção própria ou se foi induzido — anteriormente, as câmeras de segurança o flagraram ao telefone, como se estivesse falando com alguém.

    O homem sofreu queimaduras e ficou desacordado. Após despertar, procurou uma ambulância no estacionamento do local, sendo atendido com queimaduras pelo corpo.

    Segundo o Hospital de Urgência de Teresina, ele ficou com 57% do corpo queimado.

    Gato e outras hipóteses

    De acordo com as imagens de câmeras de segurança, um gato transitava pela cozinha em “vários pontos e em horário compatível” com que o vigilante do Vasto ouviu o barulho vindo do local e sentiu o cheiro de gás.

    “O felino possuía porte e tamanho suficiente para acidentalmente acionar um equipamento que utilizava gás, como um fogão industrial, por exemplo, e também havia a possibilidade do mesmo ter arrancado alguma mangueira de alimentação interna de equipamentos que são presas por abraçadeiras de pressão”, diz o relatório.

    Os investigadores trabalham com outras duas hipóteses. A primeira diz respeito a uma possível falha em reguladores de pressão, que pode ter causado uma alta pressão e ocasionando vazamentos.

    O laudo diz que não foi possível periciar os equipamentos, pois, na data do levantamento, não havia as ferramentas específicas e técnico para evitar novo vazamento ou defeito na retirada dos mesmos.

    A outra possibilidade levantada foi falha em equipamento, que poderia ter sido causada por falha de fabricação ou operação. Entretanto, a polícia afirma que não foi possível uma análise mais aprofundada por causa da força da explosão e estado dos materiais após o acontecimento.

    Fator humano

    As autoridades também destacaram no documento que se o vigilante tivesse ido até a central de gás e fechado o registro geral, teria estancado o vazamento e não ocorreria a explosão.

    Porém, isso não foi feito “sem podermos dizer se por negligencia ou omissão do mesmo ou por falta de conhecimento e treinamento repassado”.

    “No caso do Vigilante, esse, necessariamente, pelo fato de trabalhar em um restaurante, deveria ter o conhecimento/capacitação mínima para noções de segurança e ação em casos de vazamento de gás e incêndio, no caso de vazamentos, a primeira ação recomendada é o fechamento do registro geral e afastar-se do local até a dissipação do gás no ambiente”, explica o laudo.

    Já a atitude do auxiliar de manutenção de acionar o exaustor foi considerada “equivocada”. Ambas as ações foram classificadas como tendo relação direta na explosão.

    Em nota, os representantes dos restaurantes informaram que prestaram todos os esclarecimentos necessários, colaborando do “início ao fim”. Além disso, ressaltaram que a perícia teria confirmado que houve um acidente.

    Também disseram que esperam reinaugurar em breve as operações.

    Leia a nota na íntegra:

    “O Coco Bambu e Vasto Teresina informam que tomaram conhecimento na data de hoje acerca do laudo pericial emitido pela Polícia Civil do Piauí.

    Ao longo do processo de apuração o restaurante prestou todos os esclarecimentos necessários. Colaborando do início ao fim com a instituição e o Corpo de Bombeiros.

    Agradecemos o trabalho de todos os envolvidos neste procedimento importante.

    O desfecho do laudo apresenta 03 hipóteses de causa, mas conclui que não será possível determinar o que efetivamente causou o vazamento. Importante destacar que, em todas as hipóteses, é possível confirmar que, de fato, houve um acidente.

    O Coco Bambu e o Vasto vão se reerguer e esperam reinaugurar, em breve, as operações. Voltaremos a levar o melhor da gastronomia para mesa do Piauiense. Atualmente estamos funcionando apenas no delivery e temos recebido o importante apoio de clientes fiéis nesse processo de reconstrução.”

    *com informações de Letícia Naome, Thais Magalhães e Bárbara Brambila, da CNN

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