Ex-presidente do Inep diz que Enem já deveria ter sido adiado: ‘É muito tarde’
Apesar de defender que o exame seja adiado, Maria Inês considerou que é difícil prever como e quando a prova poderia ser feita e lamentou a razão da politização
Em entrevista à CNN, Maria Inês Fini, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, que é responsável pela realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), afirmou nesta quarta-feira (20) que a prova já deveria ter sido adiada. “Já é muito tarde”, disse ela. O Senado aprovou o adiamento na terça-feira (19). O texto seguiu para apreciação na Câmara.
“O Inep é uma autarquia do Ministério da Educação (MEC) que junta estatísticas e dados para monitorar as políticas nacionais. O que vimos até agora é uma ausência de gestão da política educacional do Brasil”, criticou Maria Inês. “Imagina você politizar um tema como o Enem e quase que judicializar. O que tínhamos que ter era uma decisão do MEC olhando para este quadro”, acrescentou.
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Fini ainda frisou que as escolas estão “fazendo um esforço gigantesco e improvisando alternativas para chegar às casas”, mas que “nada disso é reconhecido, valorizado ou apoiado”. “Então, adiar o Enem já deveria ter sido uma atitude do gestor da política educacional. Lamentavelmente isso não aconteceu”, afirmou.
Apesar de defender que o exame seja adiado, Maria Inês considerou que é difícil prever como e quando a prova poderia ser feita e lamentou o motivo da decisão ter sido politizada. “Até onde eu não sei. Quando vamos voltar a nossa normalidade? Isso tudo vai depender, Vincula saúde, comunicação, transporte, então é muito difícil prever, mas acho que a decisão, lamentavelmente, teve que ser politizada porque não temos uma gestão educacional no MEC”, pontuou.
“E [essa decisão] é sábia. Vamos adiar o Enem. Acho que nem a inscrição deveríamos ter feito, porque isso gera uma ansiedade com todo mundo se preparando para algo que não sabe quando vai acontecer”, finalizou.
Na terça (19), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, se posicionou sobre o adiamento da prova e afirmou que o MEC pretende consultar os inscritos no Enem sobre a realização da edição de 2020 da prova. Segundo o Weintraub, os inscritos são os “mais envolvidos, mais interessados” no Enem, portanto, eles devem opinar sobre a data. “Vamos perguntar para quem realmente está fazendo o Enem, deixar eles decidirem, pô”, falou.
