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    Ex-ministros da Educação avaliam gestão Weintraub e futuro da pasta

    Cristovam Buarque, ex-ministro do Lula, e Ricardo Vélez, antecessor de Weintraub sob o governo Bolsonaro, discutem prioridades para o Ministério da Educação

    Da CNN, em São Paulo

    Dois ex-ministros da Educação debateram na CNN neste sábado (20) sobre a saída de Abraham Weintraub do cargo e os desafios do Ministério da Educação (MEC). O senador Cristovam Buarque (Cidadania), que ocupou o cargo no governo Lula, e o professor Ricardo Vélez Rodríguez, antecessor de Weintraub no governo Bolsonaro, participaram da discussão. 

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    Vélez defende que seja retomada a ideia de reformular o ensino fundamental, proposta por ele durante os três meses em que assumiu a gestão do MEC. “Essa é uma coisa prioritária, eu tinha esperança que o que deixei plantado continuasse, mas pelo visto não foi continuado.” 

    A reformulação proposta por Vélez tem como objetivo a reativação das escolas normais, como centros de formação de professores do ensino fundamental. A segunda questão seria solucionar o abandono da escola por parte dos jovens adolescentes no período final do ensino fundamental. Para isso, ele propõe que as secretarias de Educação deveriam ter uma participação maior na programação do ensino e acredita ser necessário um estímulo para que os jovens entrem no ensino médio já inseridos no mercado de trabalho, ou seja, a garantia de uma formação profissionalizante. “Houve uma tentativa de reformulação dos currículos no governo [Michel] Temer, e foi muito positivo isso, mas não foi continuada”, diz.

    Cristovam Buarque, por sua vez, defende que todo ministro deve chegar ao governo com duas preocupações, o presente e o futuro. “Como administrar bem o processo educacional que aí está, e que é ruim. E como fazer com que melhore e dê um salto, para que o Brasil um dia tenha uma educação igual às melhores do mundo — o que eu sei que muita gente não acredita que é possível. O Brasil tem uma mentalidade, a população e todos, de que somos vocacionados para outras coisas, não para o conhecimento”, analisa. 

    Além de todos os desafios inerentes à pasta, Buarque avalia que o ministro sucessor de Abraham Weintraub terá que ter em mente uma estratégia imediata para recuperar a educação após a pandemia. “As crianças vão voltar desmotivadas, um pouco transtortadas do ponto de vista psicológico, pelo medo da morte, pelo isolamento. Muitos professores abandonaram [a carreira] porque encontraram outras atividades no setor público. No setor privado, alguns ficaram sem receber salário. Então, muitas escolas vão estar fechadas, terminadas, no setor privado. E no setor público, desmotivadas”.

    Buarque acredita que além de cuidar do psicológico dos alunos, será preciso criar um fundo de financiamento para o setor privado, além da garantia de um grande apoio, por parte do governo federal, aos estados e municípios. “Isso, para ser feito, vai precisar de muita liderança, diálogo e recursos financeiros. Sem isso, mesmo que voltemos, vamos ter perdido um ano inteiro do ponto de vista educacional do Brasil. Eu espero que o novo ministro entenda essa urgência”.

    O presidente Jair Bolsonaro deve escolher o atual secretário-executivo do Ministério da Educação, Antonio Paulo Vogel de Medeiros, para ser o substituto, revelou o analista da CNN Igor Gadelha.

    (Edição: Marina Motomura)

     

     

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