Ex-Corinthians anula cobrança de dívida de R$ 10 milhões na Justiça de SP
Justiça considerou que procuradores de Cristian assinaram documentos reconhecendo dívida que nunca existiu; decisão cabe recurso
A Justiça de São Paulo anulou a cobrança de uma dívida que chegou a R$ 10 milhões –em valores corrigidos–, em relação a um suposto empréstimo feito pelo ex-volante corintiano Cristian Mark Junior Nascimento Oliveira Baroni, de 40 anos, junto ao empresário Luiz Carlos Vaz, em 2016.
Cristian teve duas passagens pelo Corinthians, entre 2008 e 2009 e de 2015 a 2017.
O juiz Marcelo Andrade Moreira, da 5ª Vara Cível de Bauru, não encontrou indícios de que o empréstimo foi executado, anulou o pedido do empresário e condenou Vaz ao pagamento das custas e despesas processuais. Ainda há espaço para que o empresário recorra da decisão.
A CNN teve acesso aos documentos do processo em que o empresário alega que fez um empréstimo de R$ 3,6 milhões depois de conhecer os procuradores de Cristian –uma cunhada e o marido– em um churrasco na casa de parentes do atleta.
Na ação, Vaz sustenta que os procuradores Cristian assinaram uma escritura de confissão de dívidas e que repassou parte dos valores em espécie e outra parte em cheques que sequer foram compensados. O fato teria ocorrido enquanto o jogador atuava no exterior e precisava de representantes para tocar a vida empresarial no Brasil.
O advogado Luciano Santos, que representa o ex-atleta, argumentou nos autos que o empréstimo foi simulado e que os valores jamais foram recebidos pelos procuradores. “Uma pessoa que diz que empresta um valor teria que, ao menos, ter um comprovante”, diz o advogado do ex-jogador.
Em depoimento, a cunhada de Cristian informou que assinou o documento reconhecendo a dívida sem saber do que se tratava e que foi orientada pelo marido a agir dessa forma. Ela conta também que se separou do marido após o episódio.
Falta de provas de que valores foram repassados
Após ser confrontado sobre a suposta transferência de valores, o empresário não apresentou provas relevantes, segundo o juiz Marcelo Andrade Moreira, da 5ª Vara Cível de Bauru.
O magistrado afirma, em decisão se referindo ao ex-marido da cunhada de Cristian, que “nem mesmo o réu, em seu depoimento pessoal, soube justificar a origem do débito que causou aquela escritura de confissão”, segundo documento.
Após quase três anos de processo, a Justiça entendeu que o empréstimo foi simulado e determinou a anulação da escritura sobre a dívida. Dessa forma, a hipoteca do imóvel que foi colocado como lastro financeiro no processo também foi anulada.
O que motivou a simulação do negócio
Uma das teses da defesa do jogador é que o marido da cunhada de Cristian “teria se beneficiado de tal negócio em conluio com o réu”. A versão é considerada convincente para a justiça, mas não é discutida na ação cível, por se tratar de um possível crime.
A CNN apurou que há um inquérito policial que tramita sob segredo de Justiça sobre o suposto conluio entre o empresário e o ex-marido da cunhada do atleta.
Outro lado
A CNN procurou o empresário para comentar o caso, mas até o momento não obteve retorno. O espaço segue aberto.
O ex-marido da cunhada de Cristian não foi localizado para comentar a reportagem.