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    Estudo inédito aponta que empresas de mulheres sofrem mais barreiras alfandegárias no exterior

    Mapeamento da Secretaria de Comércio Exterior ajuda a orientar políticas públicas e negociação de acordos internacionais, diz secretária

    Levantamento foi motivado pela dificuldade na obtenção de dados relativos ao setor no contexto de gênero
    Levantamento foi motivado pela dificuldade na obtenção de dados relativos ao setor no contexto de gênero Pexels

    Samantha Kleinda CNN

    em Brasília

    Um estudo inédito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostra que 2,6 milhões dos empregos em empresas com atuação no comércio exterior foram ocupados por mulheres. Isso representa 32,5% dos postos de trabalho nessas companhias, que têm diferentes portes, no período de 2010 a 2020.

    A pesquisa tem potencial para subsidiar a formulação de políticas públicas. Uma das principais conclusões é que setores com maior presença relativa de mulheres coincidem com mais barreiras alfandegárias, como vestuário e confecção, calçados e obras de arte — que costumam enfrentar tarifas de importação mais altas ou outros obstáculos.

    “À luz dessas informações, ao negociar um acordo comercial, o governo brasileiro pode privilegiar a retirada das barreiras no acesso ao mercado externo. Com isso, podemos fazer com que as mulheres tenham benefícios de acesso a outros mercados”, disse à CNN a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, responsável pela elaboração do estudo no ministério.

    O levantamento foi motivado pela dificuldade na obtenção de dados relativos ao setor no contexto de gênero. Entre as empreendedoras que vêm iniciando o caminho da internacionalização das atividades, está a estilista Vânia Oliveira, do Rio de Janeiro.

    Ela produz bolsas por demanda há três décadas e começou a jornada no exterior ao participar de um curso Pro-Global do Sebrae em 2021. Hoje, uma rede internacional de hotéis está expondo as suas peças.

    “Estou engatinhando ainda, mas também estou enviando meu portfólio de produtos para clientes, e tenho convite para participar de um showroom em Portugal. A minha aposta é em bolsas de qualidade e diferencial dos produtos, e não na concorrência em termos de preço”, disse a empreendedora.

    Assim como no caso das companhias que atuam somente no mercado doméstico, o estudo mostra que a estrutura societária das firmas com participação no comércio exterior é formada majoritariamente por homens. A pesquisa do MDIC revela que somente 14% das empresas exportadoras são controladas por mulheres.

    O levantamento ainda mostra que a maioria das empresas que pertencem a mulheres é de pequeno porte. Do total de companhias exportadoras com maioria feminina no quadro societário, 24% são microempresas e 9% são de médio e grande porte.

    No recorte regional, o Sudeste e o Sul se destacam pela maior presença feminina na sociedade das firmas exportadoras. Nas demais regiões, a participação feminina é mais relevante nas empresas que concentram as vendas apenas no mercado doméstico, em comparação com Sul e Sudeste.

    De acordo com a secretária Tatiana Prazeres, o comércio exterior é fundamental para o crescimento econômico e uma oportunidade de inserção feminina no mercado internacional, com salários mais elevados.

    “Mulheres que participam de empresas que atuam no comércio exterior, além de receber salários mais elevados do que empresas que não exportam, têm empregos mais estáveis e passam mais tempo trabalhando nessas companhias que exportam ou importam”, disse.

    Os dados da pesquisa têm potencial para fornecer subsídios à formulação de políticas, planejamento de capacitações e negociações internacionais que agreguem valor à produção de produtos das empresas lideradas por mulheres.