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    Estratégia de vacinação contra a dengue está correta, aponta especialista

    Ministério da Saúde deve iniciar campanha com crianças e adolescentes; seis pessoas morreram em decorrência da doença em 2024

    Campanha de vacinação contra dengue vai priorizar crianças e adolescentes
    Campanha de vacinação contra dengue vai priorizar crianças e adolescentes 17/01/2022 REUTERS/Carla Carniel

    Isabelle Salemeda CNN

    em Sâo Paulo

    A decisão do Ministério da Saúde de ofertar as vacinas contra a dengue para o público na faixa etária de 6 a 16 anos, seguindo a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi bem avaliada por especialistas ouvidos pela CNN. A pasta, em conjunto com estados e municípios, ainda vai definir qual idade será priorizada, diante do quantitativo de doses reduzido. 

    Segundo o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, a estratégia de imunização está correta, uma vez que a maior parte dos estudos disponíveis foi com essa parcela da população, dando mais segurança e eficácia.

    Além disso, Kfouri explica que em áreas em que há muita transmissão, mais da metade das crianças chegam aos 10 anos já expostas ao vírus. Dessa forma, a eficácia é maior no sentido de prevenir contra uma segunda infecção, normalmente mais perigosa. E ainda tem a questão da cobertura vacinal.

    “Você escolher uma idade que não está habituada a frequentar [o posto de saúde] é sempre mais complicado. A mulher não vai, o marido vai, o irmão não vai, a irmã vai”, explicou o médico. 

    A primeira remessa do imunizante chegou ao Brasil neste sábado (20). O lote inicial é de cerca de 720 mil doses e será reservado para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações pela doença depois dos idosos, que ainda não tiveram a vacina liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

    A escolha desta faixa etária causou estranheza por não contemplar idosos, que, em geral, sempre fazem parte do grupo prioritário. Mas, segundo o especialista, como a vacina só é licenciada para pessoas até os 60 anos, não faria sentido uma campanha para a terceira idade.  

    “Se a vacina fosse acima de 60 anos, acho que seria uma discussão importante de se fazer. Vamos fazer nos idosos ou vamos começar pelos adolescentes? Então, esse é o primeiro ponto. Então, vacinar até 50 anos de idade, 55 anos de idade, não traz muita diferença. Quando a gente olha para as taxas de hospitalização, são muito semelhantes. As taxas de mortalidade por dengue são maiores para os idosos, mas é uma população que já tem outros problemas de saúde junto”, disse Kfouri.  

    A vacina contra a dengue

    O Ministério da Saúde incorporou a vacina, conhecida como Qdenga, ao Sistema Único de Saúde em dezembro de 2023. Segundo o fabricante, o laboratório japonês Takeda Pharma, a previsão é que sejam entregues 5,2 milhões de doses do imunizante em etapas, entre fevereiro e novembro de 2024. Outras 1,2 milhão de vacinas foram doadas pela empresa. O esquema vacinal é composto por duas doses e a expectativa é que cerca de 3,2 milhões de pessoas sejam vacinadas. 

    Em razão da capacidade limitada de fornecimento pelo laboratório fabricante, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) se reuniu, nesta segunda-feira (15), com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização, colegiado de caráter consultivo, para debater estratégias de utilização da quantidade disponível.  

    O próximo passo é definir a operacionalização, como público alvo e as regiões para aplicação das doses. A distribuição das doses deverá ser escalonada ao longo do ano, conforme o cronograma de entregas da empresa. Após a definição em conjunto com estados e municípios, o Ministério da Saúde irá divulgar a estratégia de vacinação e o público prioritário. 

    A vacina chega em um momento que a dengue preocupa as autoridades. Só nas duas primeiras semanas do ano, o Brasil registrou 55.859 casos prováveis e seis pessoas morreram em decorrência da doença no país, segundo o Ministério da Saúde. 

    O momento ,segundo a pasta, é de intensificar os esforços e as medidas de prevenção, por parte de todos, para reduzir a transmissão. A principal medida é a eliminação dos criadouros do mosquito Aedes Aegypti, já que 75% deles estão dentro e no entorno dos domicílios.