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    Estação chuvosa no Sudeste foi completamente atípica, diz especialista

    À CNN, diretor do Cemanden afirmou que volume de chuva em Angra dos Reis em 48 horas foi quatro vezes maior que o previsto para abril

    João Pedro MalarElis Francoda CNN , em São Paulo

    As chuvas no Rio de Janeiro nos últimos dias que resultaram em ao menos 16 mortes nos municípios de Paraty, Angra dos Reis e Mesquita fazem parte de uma estação chuvosa “completamente atípica na comparação com outros anos”, segundo Osvaldo de Moraes, diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemanden).

    Em entrevista à CNN neste domingo (3), Moraes citou outras mortes em desastres na Bahia, Minas Gerais, São Paulo e no próprio Rio de Janeiro, em Petrópolis, desde o início da estação chuvosa no Sudeste.

    “Estamos agora passando para o fim da estação chuva no Sudeste, devemos entrar em um regime de chuva bem menos intenso, mas tem outras regiões com outra sazonalidade de chuva. O Nordeste começa a chamar atenção. Diferentes regiões têm diferentes sistemas”, diz.

    Para ele, situações como a do Rio de Janeiro são resultado de duas ameaças, a natural e a social.

    “Adicionalmente à ameaça natural, que é a intensidade, o aumento da frequência de eventos extremos provavelmente causado pelas mudanças climáticas, também estamos tendo um aumento da vulnerabilidade social e do número de pessoas expostas ao risco. A combinação dessas duas ameaças é que é a responsável pelo desastre”, avalia.

    O especialista afirma que o Brasil cresceu muito nos últimos anos na área de monitoramento e emissão de alertas, mas a evolução foi pequena na parte de percepção de risco.

    “As pessoas continuam morando em áreas de risco e elas não conhecem exatamente qual é o risco a que estão expostas, como devem agir não apenas no momento em que o desastre está acontecendo, mas em uma sequência contínua de preparação, educação, para estarem melhor preparadas para que a vulnerabilidade diminua”.

    No caso de Angra dos Reis, a chuva em 48 horas foi de 821 milímetros, “algo indescritível e impensável”, já que a previsão para todo o mês de abril era de chuva de 220 milímetros. “Ou seja, em dois dias choveu em Angra dos Reis quatro vezes o que se esperava para todo o mês de abril”.

    Segundo ele, a chuva foi consequência da combinação de uma frente fria na região, da umidade que saiu do Oceano Atlântico devido às altas temperaturas e do transporte de umidade por uma massa de ar.

    Agora, esse vento está mudando de direção, o que deve diminuir a chuva na região nas próximas horas e até parar a chuva entre a tarde e a noite.

    Com a mudança, o Cemaden abriu alertas para Teresópolis e municípios em Espírito Santo e Minas Gerais, mas com alertas de “nível moderado, só atenção para acompanhamento”.

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