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    Especialistas debatem retirada de barracas de moradores de rua em São Paulo

    Em entrevista à CNN, o presidente da organização sem fins lucrativos SP Invisível, André Soler, e o presidente da AGC-SP (Associação Geral do Centro de São Paulo), Charles Souza, debateram a decisão judicial que derrubou liminar que impedia retirada

    Rafael SaldanhaThiago FélixVinícius Tadeuda CNN

    Nesta segunda-feira (3), a Prefeitura de São Paulo começa a remover barracas da população em situação de rua que estiverem armadas durante o dia em espaços públicos, incluindo calçadas e praças. A medida acontece após decisão judicial que derrubou uma liminar que impedia a remoção pela prefeitura.

    A decisão do desembargador Ribeiro de Paula suspende uma liminar movida pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). A decisão cabe recurso.

    Em entrevista à CNN, o presidente da organização sem fins lucrativos SP Invisível, André Soler, e o presidente da AGC-SP (Associação Geral do Centro de São Paulo), Charles Souza, debateram a decisão.

    “A população de rua é diversa e tem necessidades diferentes”, disse André Soler. “Não é só uma casa. Precisamos transferir programas de empregabilidade para que a população em situação de rua se reinsira no mercado de trabalho e possa gerar uma renda e ter uma autonomia. Precisamos ofertar cursos de capacitação, para que a população em situação de rua possa se capacitar e ser reinserida na sociedade, e outras medidas”.

    Charles Souza afirmou que não acredita que a retirada das barracas dos moradores de rua durante o dia seja a solução, mas defendeu que a ocupação das ruas pode atrapalhar o fluxo de transeuntes pela cidade. “Nós entendemos a complexidade dessa situação da moradia, de pessoas estarem nas ruas – lembrando que rua nem calçada é CEP para ninguém, e nenhuma barraca pode ser considerada moradia salubre – mas nós também temos uma sociedade que precisa trabalhar, precisa ir e vir”, declarou.

    “O que a prefeitura está fazendo é cumprir um decreto que diz que eles podem montar a barraca durante a noite, para repousarem, mas durante o dia as vias tem que estar desobstruídas, para que as pessoas possam se locomover. Claro que nós temos que cobrar do Poder Executivo e Legislativo medidas mais eficazes, dando moradia e dignidade para essas pessoas, para que possam ser reinseridas na sociedade como iguais e não como diferentes”, disse Souza.

    Soler afirmou que a medida não olha para a raiz do problema, e soluciona pouco. “Acredito que, sobre esse tema, todos concordamos que a rua não é lugar para ninguém morar. Então, precisamos trazer alternativas para que realmente não seja o lugar. A solução de tirar a barraca deles, ou a moradia que eles estão ali naquele momento, não é solução (…) Se a gente retira essas barracas e traz um lugar onde eles possam ser cuidados, isso sim é uma política pública”.

    Publicado por Luana Franzão, com informações de Lucas Rocha e Laura Slobodeicov Ribeiro.