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    Especialistas debatem de quem é a culpa pelo ataque de aluno à professora

    Em entrevista à CNN, a delegada Raquel Gallinati, o psiquiatra Daniel Barros e a pedagoga Ana Lígia Scachetti discutem medidas a serem tomadas após ataque em escola em São Paulo

    Rafael SaldanhaElis Francoda CNN

    Na manhã desta segunda-feira (28), um adolescente de 13 anos matou uma professora a facadas e feriu outras quatro pessoas na Escola Estadual Thomazia Montoro, localizada na zona oeste de São Paulo. A vítima, identificada como Elisabeth Tenreiro, tinha 71 anos.

    Em entrevista à CNN, três especialistas discutiram a responsabilidade sobre o ataque e medidas a serem tomadas para prevenir futuros incidentes.

    “O tema das agressões em escolas transcende as explicações rápidas e simples. Toda escolha humana, todo comportamento humano é resultado de muitos fatores”, disse Daniel Barros, coordenador de psiquiatria do Hospital das Clínicas, explicando que não há um fator causal para esse tipo de ocorrência, e sim diversos fatores associados.

    “Uma só coisa parece ser comum a todos os casos: quase todos tiveram avisos prévios. Ou seja, nem todos os que ameaçam fazem, mas quase todos os que fazem, ameaçam. Precisamos começar a levar essas ameaças mais a sério”.

    Raquel Gallinati, delegada e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, destacou a importância de políticas públicas para lidar com eventos desse gênero. “Percebemos uma ausência de políticas públicas e medidas corajosas para que a gente possa coibir as ações antes mesmo das tragédias e dos massacres”, declarou.

    A pedagoga e CEO da Nova Escola Ana Lígia Scachetti apontou que é muito difícil apontar causas diretas, mas há responsabilidades sociais coletivas. “É muito difícil apontar responsáveis, mas tem uma responsabilidade que é de toda a sociedade: olhar para as crianças e os adolescentes, e entender, não só o que a escola precisa fazer por elas, mas também o que as famílias, o que todo mundo pode fazer.”

    Ela citou pesquisas que afirmam existir um aumento da violência dentro das escolas após o retorno das aulas depois do isolamento social, causado pela pandemia da Covid-19. “A gente precisa lembrar que essas crianças e esses adolescentes ficaram dois anos praticamente sem convivência social, e a escola é um ambiente que exige muita troca, exige muito diálogo, muita colaboração. Certos sentimentos que ficaram ali, que não foram adequadamente desenvolvidos nessas crianças e adolescentes, certos comportamentos, acabam aflorando de maneira inadequada.”

    Para a delegada Gallinati, “o crivo básico de segurança deve ser implementado nas escolas” em nome de manter os locais de ensino protegidos.

    Após a ocorrência, para o médico Daniel Barros, é essencial oferecer acolhimento para as vítimas do ataque: alunos, funcionários, professores e famílias que presenciaram o incidente ou que estejam ligados à escola de alguma forma. “O mais eficaz nesse momento é o acolhimento e a transmissão de uma sensação de segurança. Restaurar nessas crianças, nesses jovens, nesses adolescentes, a sensação de que eles estão cuidados e de que a sociedade está junto deles”, disse.

    “Além do acolhimento, podemos ter reflexões coletivas, acordos, combinados, formações para os professores, para os alunos, para as famílias, espaços para que todos pensem juntos o que isso [o ataque] significa”, afirmou a pedagoga Ana Lígia Scachetti.