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    Escolha precoce de carreira está associada a desistências no ensino superior, dizem especialistas

    Levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação, aponta que 59% dos alunos desistem de seus cursos

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    Especialistas em educação concordam que escolher uma carreira para seguir aos 17 ou 18 anos é um fator relevante para o número de desistências ao longo dos cursos de graduação.

    Medidas compartilhadas entre família e escola podem contribuir para reduzir os impactos da tomada de decisão antecipada. Testes vocacionais, entre outras estratégias com a finalidade de direcionar as escolhas, são essenciais para contribuir com a decisão precoce.

    Um levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação, de 2019, apontou que 59% dos alunos desistem de seus cursos ao entrarem na faculdade. “Os dados abrangem universidades públicas e privadas, sem diferenças significativas”, afirma o professor Mozart Neves Ramos titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), em comunicado.

    Para Ramos, o principal elemento para atenuar essa situação seria um trabalho mais flexível de acesso e de permanência pelas universidades, sem que os jovens se sintam obrigados a definirem o curso ainda muito cedo. “Essa é uma fase da vida em que ocorrem muitas transformações sociais e emocionais”, destaca o professor.

    Do direito ao jornalismo

    O fotógrafo e professor da Faculdade de Tecnologia de Curitiba Arthur Carlos Franco, 32, ingressou na faculdade pela primeira vez aos 17 anos com o objetivo de cursar Direito. Ele conta que seu processo de escolha foi influenciado pelo gosto pela leitura.

    “Escolhi o curso de direito por sempre ter gostado de ler. Como era um curso com uma carga teórica alta, achei que fosse me interessar”, relata à CNN.

    Mas, no decorrer do curso, percebeu que não era nada daquilo que ele queria.

    “Achei o curso muito sério, muito fechado dentro de seu próprio conhecimento. Sempre fui uma pessoa muito criativa e ligada às artes, e no meio do primeiro ano de direito eu me dei conta de que o curso não abria muito espaço para a criatividade. Também sempre fui muito comunicativo e sentia que não conseguia me expressar fora dos moldes legais no curso de direito. Isso, aliado à criatividade, me fez buscar um curso de comunicação”, explica Franco.

    Ajuda profissional

    O exemplo de Arthur Franco, vivido por tantos outros jovens, revela que, durante a escolha da carreira, existem estratégias que podem contribuir para direcionar essa decisão, tais como o teste vocacional, que é bastante utilizado quando há procura por auxílio.

    Lucy Leal Melo Silva, professora do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, explica que, além dos testes vocacionais, também existem outros conceitos utilizados como orientação profissional e aconselhamento de carreira.

    “Englobando todas essas possibilidades terminológicas, as intervenções de carreiras, por exemplo, são estratégias para ajudar um cliente ou um aluno a tomar e implementar decisões eficazes de carreira. Essas estratégias visam a auxiliar a pessoa a tomar decisões sobre os estudos ou trabalho e é mais realizada no Brasil com vestibulandos para a escolha da graduação”, descreve Lucy.

    Ainda segundo Ramos, os testes vocacionais deveriam ser mais empregados nesse processo e oferecidos pelas próprias universidades, principalmente para os estudantes de famílias de baixa renda.

    “Isso permitiria, inclusive, que a instituição conhecesse melhor seus alunos”, afirma.

    (Com informações do Jornal da USP)

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