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    Escavações arqueológicas em prédio de SP onde funcionou o DOI-Codi começam nesta quarta (2)

    Pesquisadores acreditam que mais de 7 mil pessoas foram torturadas no local; pelo menos 50 foram assassinadas sob custódia

    Renato Pereirada CNN

    Começam nesta quarta-feira (2) as escavações arqueológicas no prédio que abrigava o antigo Destacamento de Operações de Informação — Centro de Operações de Defesa Interna, o DOI-Codi, em São Paulo.

    Durante a ditadura militar, opositores do regime foram presos e torturados no local, situado na Vila Mariana, zona sul da capital paulista. Hoje, o prédio abriga uma delegacia da Polícia Civil.

    Os trabalhos dos cientistas devem seguir até o dia 14 de agosto. Com as escavações, os pesquisadores pretendem explorar os vestígios encontrados no local, como objetos, estruturas arquitetônicas e registros documentais.

    A pesquisa é um trabalho coletivo desenvolvido desde 2018. O trabalho será realizado por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), da USP (Universidade de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

    Os prédios do antigo DOI-Codi/SP são considerados um marco físico, que documenta o período em que vigorou a ditadura militar.

    A edificação é um símbolo do estado de repressão imposto pelo regime iniciado em 1964. Apenas pelo DOI-Codi do 2° Exército, de São Paulo, passaram mais de 6.700 presos.

    O DOI-Codi foi criado em 1969, por meio de uma parceria entre o Exército e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, sob o nome de Operação Bandeirante (Oban). Era um órgão clandestino, que reunia agentes da Polícia Civil, Polícia Militar, Marinha, Aeronáutica e Exército.

    Em 1970, ele foi oficializado sob o nome de DOI-Codi e se incorporou à estrutura do Exército. Estima-se que mais de 7 mil pessoas tenham sido torturadas nas instalações e que, pelo menos, 50 foram assassinados sob custódia entre 1969 e 1975.

    “Lá, trabalhavam principalmente com a inteligência para identificar possíveis opositores e se antecipar às ações da esquerda. Eles consideram que tiveram muito ‘êxito’ na missão de investigação prévia, captura, tortura e assassinato de seus opositores”, diz Deborah Neves, historiadora e técnica da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo (UPPH).

    Durante o período em que acontecerão as escavações, os pesquisadores preveem ainda visitas guiadas ao sítio arqueológico, oficinas com estudantes e professores, além de mesas e debates com ex-presos, pesquisadores e personalidades engajadas na defesa dos direitos humanos.

    Há também a intenção de criar de um espaço de memória de São Paulo e permitir que a sociedade possa acessar essas informações sobre o período.

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