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    Enchentes no RS: “abandono total”, relata moradora de Sapucaia do Sul

    Cidade a 20 km de Porto Alegre está na lista de estado de calamidade; registros também chegam de São Leopoldo

    Elisa Veeckda CNN

    Moradores de Sapucaia do Sul, cidade com 120 mil habitantes, relatam desespero e abandono total do poder público. “Não tem ninguém, só tem a gente, parece que estamos em um pesadelo”, desabafa a voluntária Eléia Silveira.

    A moradora ajuda em um dos pontos de coleta do município, e já viu ao menos mil pessoas relatarem estar desalojadas. “Quem perdeu tudo não tem nem celular, não tem informação de nada, contato com nada, é caos total.”

    Os bairros Fortuna e Carioca estão debaixo da água — e ainda não há previsão de melhora significativa. Segundo o geólogo Franco Buffon, gerente do Serviço Geológico do Brasil, o tempo aberto dos últimos dias não é sinônimo de diminuição da enchente. “A água chega muito rápido das regiões altas, mas, ao chegar nessa parte mais plana, pode levar dias para escoar.”

    A enxurrada que desceu pelos rios do centro do estado também inundou outras cidades do Vale dos Sinos. Além de Sapucaia do Sul, em São Leopoldo, município de 220 mil habitantes, os registros são de moradias e comércios cobertos até o teto.

    Veja o vídeo feito por voluntários(São Leopoldo/bairro Campina):

    O socorro não pode esperar

    Além do bairro Campina, os pedidos de socorro chegam dos bairros Vicentina, Santos Dumont, Vila Brás, São Geraldo, Jardim Fenix e Centro.

    As duas cidades, Sapucaia do Sul e São Leopoldo, são vizinhas e fazem parte da lista divulgada pelo governo do Rio Grande do Sul na declaração de estado de calamidade pública, viabilizando a redução na demora do envio de repasses públicos. São 336 municípios no decreto estadual 59700 do dia 04 de maio de 2024.

    Porém, os gaúchos da região afirmam que as vidas não têm tempo para esperar o poder público, e que “o próprio povo vai se mobilizar para salvar vizinhos que não tem para onde ir”.

    Sem saber como recomeçar

    “A nossa casa, em São Leo, está no teto. Sumiu tudo”, relata a moradora da região central, Graziele Oliveira, grávida de 3 meses. “Nossos amigos também perderam tudo, geladeira, cama, roupa de criança, roupa de adulto, tudo, não sobrou nada.”

    O número de mortos em todo o estado é de 95, segundo a última atualização. Entre as cidades com mais perdas até o momento, estão Cruzeiro do Sul (8 mortes), Gramado (7 mortes) e Bento Gonçalves (6 mortes). Ainda há ao menos 100 pessoas desaparecidas.

    “O importante é que estamos vivos”, afirma a moradora de São Leopoldo, que não sabe como reconstruir o que demorou uma vida para conquistar.

    Respostas das prefeituras

    A reportagem aguarda retorno da Prefeitura de São Leopoldo.

    Veja a resposta da Prefeitura de Sapucaia do Sul:

    A cidade de Sapucaia do Sul enfrenta uma situação de emergência devido às enchentes que afetaram três bairros. Até o momento, 945 pessoas foram deslocadas de suas residências e estão recebendo abrigo e assistência.

    Atualmente, 240 pessoas estão abrigadas temporariamente na EMEF Hugo Gerdau, enquanto 360 estão no ginásio e dependências da Escola Otaviano Silveira. Além disso, outras 345 encontram-se em salões comunitários, igrejas e associações.

    Todos os locais oferecem alimentação completa (café da manhã, almoço, café da tarde e jantar), roupas, roupas de cama e produtos de higiene.

    Nos abrigos, fornecemos suporte médico com equipes de saúde dedicadas e ambulâncias disponíveis para emergências. Uma farmácia está sendo disponibilizada nas instalações da Escola, proporcionando acesso conveniente a medicamentos e suprimentos essenciais.

    Desde o primeiro momento, equipes da Defesa Civil, Guarda Municipal e Bombeiros trabalham no resgate de moradores e animais.

    As pessoas abrigadas têm um local dedicado para deixar seus animais de estimação com os cuidados do Bem-estar animal.

    Para aqueles que não estão abrigados nos pontos designados, enviamos alimentos diretamente para eles e oferecemos a opção de almoçar nos alojamentos, assim como retirar roupas no local. Além disso, crianças participam de atividades educativas e recreativas, como capoeira, dança, cinema e pintura.

    Equipes da Defesa Civil monitoram o nível do rio, avaliam as casas próximas dos alagamentos e prestam auxílio às pessoas que optaram por permanecer em suas residências.

    Por ter sido menos afetada pelas chuvas do que outras cidades da região, Sapucaia do Sul está acolhendo desalojados de municípios vizinhos como Canoas e São Leopoldo. Para isso, criou o centro de doações Kurashiki, localizado na Av. Lúcio Bittencourt, 1130. Lá é possível entregar e retirar doações como alimentos, roupas, água, itens de higiene pessoal, produtos de limpeza, ração, brinquedos, entre outros.

    Estamos trabalhando em parceria com organizações não governamentais e voluntários locais para ampliar nossos esforços de auxílio à comunidade. Isso nos permite alcançar um maior número de pessoas e fornecer assistência de forma mais eficaz.

    Para garantir a segurança e o bem-estar de todos, realizamos inspeções regulares nos locais de alojamento, garantindo que as instalações estejam em conformidade com os padrões de saúde e segurança.

    O Procon está desempenhando um papel fundamental durante esse período de crise, garantindo que os direitos dos cidadãos sejam respeitados e protegidos.

    Com o desabastecimento de água em toda nossa cidade devido às enchentes, a Corsan está disponibilizando tanques em pontos fixos da cidade, oferecendo uma fonte estável de água para os moradores. Caminhões-pipa estão percorrendo as ruas, garantindo que todos tenham acesso à água.

    Estamos comprometidos em continuar monitorando de perto a situação e ajustar nossas ações conforme necessário para atender às necessidades emergentes da comunidade afetada pelas enchentes. Nosso objetivo é garantir que todos recebam o apoio necessário para se recuperar e reconstruir após esse evento devastador.

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