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    Enchente provoca mudança no mapa do Rio Grande do Sul; entenda

    Imagem de satélite mostra uma ampliação da ligação das lagoas Mirim e dos Patos; segundo pesquisador, ainda é prematuro falar em alterações definitivas

    Comparação da ligação entre a Lagoa dos Patos e a Lagoa Mirim entre abril e maio deste ano
    Comparação da ligação entre a Lagoa dos Patos e a Lagoa Mirim entre abril e maio deste ano LODS-FURG

    Fábio Munhozda CNN

    Em São Paulo

    As fortes chuvas que caíram sobre o Rio Grande do Sul desde o fim de abril provocaram uma mudança no mapa da região sul do Rio Grande do Sul.

    O Laboratório de Oceanografia Dinâmica e por Satélites (Lods), da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), reuniu imagens captadas pelo satélite Sentinel-3 que mostram o aumento na ligação entre a Lagoa dos Patos e a Lagoa Mirim. As imagens são dos dias 18 de abril –antes da enchente– e 15 de maio, quando a região já havia sido afetada pela inundação.

    O professor Fabricio Sanguinetti, coordenador do laboratório, explica que, mesmo antes da enchente, já existia uma ligação entre as lagoas, o chamado Canal de São Gonçalo. Na primeira imagem, porém, não é possível ver esse curso d’água com clareza. Segundo Sanguinetti, isso se dá simplesmente por uma questão de resolução do equipamento.

    “Uma vez que teve essa enchente, essa ultrapassagem da cota de inundação, a gente teve visualmente o alargamento das margens do canal. Ou seja, os limites naturais foram expandidos para as laterais. Mas Isso corresponde basicamente à área inundada no entorno do próprio canal do traçado natural do canal, uma ampliação de uma área inundada”, detalha.

    Apesar de, na imagem desta semana, parecer que as lagoas dos Patos e Mirim se juntaram em um único corpo hídrico, o professor explica que, por enquanto, não é possível fazer essa afirmação.

    “Afirmar que as duas lagoas são o mesmo corpo hídrico, mesmo que provisoriamente, envolve muito conceito geomorfológico. Eu particularmente não concordo com isso. Dá para afirmar que houve uma variação geográfica. Ou seja, visualmente. Mas geomorfológica ou até mesmo uma alteração do curso do canal também é muito complicado de a gente afirmar isso”, comenta.

    Segundo o coordenador do laboratório, para que se possa afirmar com precisão que houve alguma alteração geomorfológica, é necessária a realização de estudos mais aprofundados.

    “Para que tivéssemos uma certeza ou pelo menos uma sugestão mais embasada seriam necessários estudos futuros. Ou seja, quando essa condição permitir estudos de campo propriamente para que sejam avaliados alguns parâmetros geomorfológicos de modo a atestar essa variação.”

    Outro fato que chama a atenção na comparação das imagens do satélite é o aumento no volume de água no rio Jacuí, que desemboca no Lago Guaíba na região da Grande Porto Alegre. O Guaíba, por sua vez, é conectado com a Lagoa dos Patos.

    Canal atingiu nível recorde

    Medição feita na última quinta-feira (16) em Pelotas mostra que o Canal de São Gonçalo atingiu o nível inédito de 3 metros, o mais alto já registrado na história.

    Diante desse cenário, a prefeitura de Pelotas traçou um mapa com as áreas consideradas de alto risco e determinou que os moradores desses locais deixem suas casas imediatamente.