Embarcação que naufragou em Madre de Deus não tinha autorização para transportar passageiros
Marinha do Brasil ainda realiza buscas por dois desaparecidos no local e investiga se o veículo aquático ultrapassou a capacidade máxima de lotação
A embarcação que naufragou, deixando seis pessoas mortas e, pelo menos, duas desaparecidas durante uma travessia entre a Ilha de Maria Guarda e Madre de Deus, no interior da Baía de Todos-os-Santos, fazia o transporte irregular de passageiros.
A informação foi confirmada pela Marinha do Brasil, durante coletiva de imprensa na Capitania dos Portos da Bahia (CPBA), em Salvador, na manhã desta segunda-feira (22).
De acordo com o capitão de Mar e Guerra Wellington Lemos Gagno, a embarcação, denominada “Gostosão FF”, estava inscrita na classe “saveiro”, para “emprego exclusivamente na atividade de esporte e recreio e de forma alguma poderia ser usada para fins comerciais, ou seja sendo cobrado dos passageiros, algum tipo de valor. Isso não é regular”, disse.
A Marinha diz também que apura se o veículo aquático ultrapassou a capacidade máxima de lotação, que é de 10 passageiros mais um tripulante. No entanto, o capitão falou durante a entrevista que este é “um número complicado de ser preciso, no momento, pois testemunhas já relataram 25, e outras 19 ocupantes, e somente após conclusão do inquérito para saber quantas pessoas de fato estavam a bordo”.
As equipes seguem empenhadas na busca de sobreviventes com trabalho sendo realizado por mergulhadores, Corpo de Bombeiros, grupamento aéreo da Polícia Militar da Bahia (GRAER) e Marinha do Brasil. Quatro vítimas foram socorridas para hospitais da capital baiana e duas já tiveram alta médica. Entre os desaparecidos ainda estão um homem e uma criança.
Além da superlotação, uma outra suspeita é que uma briga dentro do barco também tenha colaborado para o desequilíbrio e acidente na embarcação.
A Marinha afirma ainda que os militares foram acionados por volta das 22h da noite para atender o naufrágio com a embarcação que fazia a travessia entre a Ilha Maria Guarda e a cidade de Madre de Deus. Um trajeto que dura cerca de 10 minutos, o suficiente para acontecer a tragédia. A travessia só é permitida até 19h30
A embarcação está próxima do terminal, em Madre de Deus, passando por perícia, pertences também foram localizados e o inquérito pode ser concluído em 90 dias, mas com a gravidade do caso, o resultado pode ser divulgado antes.
Sobre o condutor e dono da embarcação, que são a mesma pessoa, ele fugiu, mas já foi identificado pela Polícia Civil e deve prestar depoimento.
Acidentes na Baía de Todos-os-Santos
Um outro dado confirmado na coletiva, foram dos acidentes já registrados na região, nos últimos 10 anos. Considerada a maior baía do Brasil, a Baía de Todos-os-Santos teve 238 incidentes na área, com 47 óbitos. Entre elas, a tragédia envolvendo a embarcação “Cavalo Marinho”, que terminou com 19 mortes e um desaparecido até hoje. Esse acidente aconteceu em agosto de 2017.