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    Embaixada de Israel pede que Holocausto não seja usado em disputa política

    O ministro Abraham Weintraub comparou o inquérito sobre as chamadas fake news no STF à perseguição dos judeus pelo regime nazista da Alemanha

    Da CNN, em São Paulo

    A embaixada de Israel no Brasil divulgou nota em que pede que o Holocausto não seja usado no debate político no país, após menções recentes feitas pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, que comparou o inquérito sobre as chamadas fake news no Supremo Tribunal Federal (STF) à perseguição dos judeus pelo regime nazista da Alemanha.

    “Em nome da amizade forte entre nossos países, que cresce cada vez mais há 72 anos, requisitamos que a questão do Holocausto como também o povo judeu ou judaísmo fiquem à margem do diálogo político cotidiano e as disputas entre os lados no jogo ideológico”, pediu a embaixada israelense em nota.

    “O Holocausto é algo que não desejamos a nenhuma nação, e enfatizamos que isso não seja usado cotidianamente, mesmo em casos que sejam considerados extremos. Nada é tão extremo como o Holocausto, não apenas para os judeus, mas também para outras minorias que sofreram na Europa e no mundo”, acrescentou.

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    De acordo com a embaixada de Israel, país constantemente elogiado pelo presidente Jair Bolsonaro e por seus aliados, “houve um aumento da frequência de uso do Holocausto no discurso público, que de forma não intencional banaliza sua memória e também a tragédia do povo judeu”.

    Já a Confederação Israelita do Brasil (Conib) disse condenar a comparação, feita por Weintraub em postagem nas redes sociais, entre a Noite dos Cristais — realizada por forças paramilitares nazistas em 1938 que resultou na morte de centenas de judeus na Alemanha — e as operações de busca e apreensão da Polícia Federal contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro por disseminação de notícias falsas, realizadas ontem (27).

    Em nota, a entidade afirma que “a comparação feita pelo ministro Abraham Weintraub é, portanto, totalmente descabida e inoportuna minimizando de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de 6 milhões de judeus, além de outras minorias”.

    Na quarta-feira, por mais de uma vez, o ministro Weintraub usou sua conta no Twitter para comparar o cumprimento pela Polícia Federal de mandados de busca e apreensão determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra aliados e apoiadores de Bolsonaro à perseguição dos judeus na Alemanha nazista.

    “Cresci escutando como os Weintraub foram caçados e como sobreviveram ao inferno de Hitler. Escutei como a SS Totenkopft entrava nas casas das famílias inimigas do nazismo. Nesse momento sombrio, digo apenas uma palavra aos irmãos que tiveram seus lares violados: LIBERDADE!”, escreveu Weintraub em uma das publicações.

    “Hoje foi o dia da infâmia, VERGONHA NACIONAL, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!”, afirmou em uma segunda publicação, ao fazer referência ao episódio de 9 de novembro de 1938 na Alemanha nazista, quando sinagogas foram queimadas e estabelecimentos comerciais de judeus foram destruídos.

    No final de abril, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi criticado por entidades judaicas de dentro e de fora do Brasil por comparar as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos para frear a disseminação do coronavírus –duramente criticadas por Bolsonaro– a campos de concentração nazistas.

    Com Reuters e Estadão Conteúdo

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