Em um mês, região Centro-Oeste tem 4 vezes mais mortes por Covid-19
Maior avanço aconteceu em Mato Grosso, onde o número de mortos passou de 56 para 536
As mortes causadas pelo novo coronavírus mais do que quadruplicaram em um mês na região Centro-Oeste brasileira. Já o número de casos aumentou cinco vezes e meia. Do dia 29 de maio até a última segunda-feira (29), os óbitos saltaram de 363 para 1.618 na região. Enquanto isso, o total de casos positivos pulou de 15.550 para 85.103. Os dados incluem o Distrito Federal.
O maior avanço aconteceu em Mato Grosso, onde o número de mortes passou de 56 para 536 – dez vezes mais – e o de casos da doença, de 2.103 para 14.687 – quase sete vezes.
Em Goiás, os óbitos mais que triplicaram – de 119 para 435 -, enquanto os casos avançaram quase sete vezes, de 3.319 para 21.984. O governador, Ronaldo Caiado (DEM), anunciou em uma videoconferência o lockdown (bloqueio completo) intermitente, com 14 dias de paralisação total das atividades econômicas e outros 14 de reabertura. A medida entra em vigor nesta terça-feira (30), mas depende da adesão dos prefeitos. O estado registrou 20 mortes em 24 horas.
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“Estamos extrapolando mil casos novos por dia, com a capacidade de leitos próxima do limite e com falta de equipes médicas. Também há falta de medicamentos para sedar os pacientes, por isso cancelamos todas as cirurgias eletivas no estado de Goiás”, disse Caiado.
O fechamento intermitente foi decidido após um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) apontar que o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus triplicou em 20 dias, saindo de uma taxa de 0,7% em 30 de maio para um índice de 2,1% em 20 de junho.
De acordo com o pesquisador Thiago Rangel, do Instituto de Ciências Biológicas, se continuar nessa evolução, a cidade chegará ao fim de julho com a necessidade de 2.000 leitos de UTI (unidade de terapia intensiva), ante os atuais 437. “A demanda por leitos vai duplicar em 15 dias e pode haver colapso ainda na primeira quinzena de julho”, alertou ele.
O estudo considerou que, diante da inviabilidade de fechar tudo até setembro, o fechamento alternado a cada 14 dias pode causar uma redução de 61,5% nos óbitos até setembro, o que equivale a poupar 10.500 vidas.
O secretário estadual da Saúde, Ismael Alexandrino, reconheceu que a situação é grave. “Temos uma média de ocupação de leitos de 86,6%, que é considerada crítica, pois deveríamos ficar abaixo de 8%. O problema é que o número de internações está superando o de altas e nosso estoque de medicamentos dá para apenas seis dias.”
Em Goiânia, são 6.367 registros positivos e 154 óbitos. Na semana passada, o prefeito Iris Rezende (MDB) assinou decreto autorizando a reabertura de comércio e serviços na Região da 44, segundo maior polo de confecção e moda do país, com 120 empreendimentos, entre shoppings, galeria e hotéis. A reabertura gradual está prevista para esta terça. Após participar da videoconferência com o governador, Rezende disse que discutiria as medidas propostas por Caiado com sua assessoria.
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso, após confirmar 534 novos casos em 24 horas, a taxa de ocupação de leitos de UTI atingiu 94,1% na segunda-feira, com 224 pessoas internadas com Covid-19. “As equipes de regulação encontram grande dificuldade para a transferência dos pacientes aos leitos de terapia intensiva, pois as unidades referenciadas já chegaram à lotação, contando apenas com leitos de retaguarda”, informou a Secretaria da Saúde estadual.
No domingo (28), um jovem de 23 anos, diagnosticado com a doença, morreu em casa, no bairro do Bosque da Saúde, em Cuiabá, à espera de uma ambulância para ser encaminhado à UTI.
O governo estadual emitiu orientação às prefeituras para adotar medidas mais severas de distanciamento social, com base em boletins de classificação de risco emitidos duas vezes por semana pela pasta estadual da saúde. “O aumento nos casos é decorrência do baixíssimo isolamento social”, informou em nota.
A classificação envolve os 141 municípios do estado. Os mais afetados são a capital, Cuiabá (3.570 casos), Várzea Grande (1.165) e Rondonópolis (1.117). A Justiça determinou que a capital e Várzea Grande adotem o lockdown pelo período de 15 dias. A prefeitura de Cuiabá entrou com recurso.
Na quinta-feira (25), o Tribunal de Justiça do Mato Grosso manteve a decisão de primeira instância por entender que “de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Ministério da Saúde e toda a comunidade científica mundial, a prevenção, pelo isolamento social, hoje é a única medida a ser adotada” para conter a Covid-19.
O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) disse que a decisão judicial está sendo cumprida. Ele voltou a suspender o atendimento presencial em todos os serviços da prefeitura. Já a prefeitura de Várzea Grande fechou o comércio e proibiu a venda de bebidas alcoólicas geladas em todo o município.
Em Mato Grosso do Sul, foram registrados 49 casos e 3 mortes em 24 horas. Há um mês, havia 18 mortos; agora, passou para 75 – ao menos quatro vezes mais. Já o de casos aumentou mais de cinco vezes, de 1.356 para 7.676. Já são 171 pessoas internadas.
Na segunda-feira, o governo estadual lançou um programa de segurança para orientar os municípios a endurecer as medidas de isolamento. As cidades com mais casos, proporcionalmente à população, têm de fechar as atividades comerciais. Em Rochedo, no interior, um frigorífico deu 15 dias de férias a todos os funcionários e fechou para desinfecção, após registrar casos da doença.