Em discurso de posse, Gil ressalta a importância da entrada de negros na ABL
Artista é o terceiro negro a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras
Vestido com o tradicional fardão de imortal, feito com cambraia inglesa e fios de ouro vindos da França, Gilberto Gil tomou posse na noite desta sexta-feira (8), como o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL).
O ex-ministro da Cultura foi eleito para a cadeira de número 20, que era ocupada pelo jornalista Murilo Melo Filho, morto em maio de 2021. O cantor e compositor foi eleito em novembro do ano passado, com 21 dos 34 votos possíveis.
Na cerimônia de posse, no salão nobre da ABL, no Centro do Rio, Gilberto Gil estava acompanhado da esposa, Flora Gil e dos filhos. Ele é o terceiro negro a ocupar uma cadeira na casa de Machado de Assis e falou à CNN da importância do momento.
“Você tem uma grande contribuição da vertente negra para a vida brasileira. Uma casa como a Academia Brasileira de Letras foi fundada por um afrodescendente, Machado de Assis.” E completou: “é importantíssimo que a casa acolha com essa compreensão do negro na vida brasileira, vá acolhendo todos aqueles que pleiteiam vir pra cá, que trazem suas qualificações para vir pra cá”.
Durante o discurso de posse, Gil dedicou o momento na ABL aos pais, à mãe, que era professora primária, e ao pai que era médico. O mais novo imortal disse que herdou dos dois o amor pela música e pelas letras. E destacou que a Academia Brasileira de Letras é a casa da palavra e da memória cultural do nosso país.
As múltiplas atividades de Gilberto Gil vêm sendo reconhecidas por várias nações, que já o nomearam, entre outros, como Artista da Paz, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), em 1999; embaixador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO); além de condecorações e prêmios diversos, como a Légion d’ Honneur da França, a Sweden’s Polar Music Prize, entre outros.