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    Em campanha, sobreviventes do Holocausto agradecem a São Paulo por acolhimento

    ”Obrigado, Paulistanos” é uma ação do Memorial do Holocausto, StandWithUs e a Federação Israelita de São Paulo com imigrantes que são, hoje, paulistanos

    Giovanna BronzeKarla Chavesda CNN

    em São Paulo

    O Dia Mundial em Lembrança das Vítimas do Holocausto, 27 de janeiro, marca a libertação do campo de concentração de Auschwitz. A data foi definida pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a ONU, estima-se que o genocídio feito pelo regime nazista resultou na morte de seis milhões de judeus durante o holocausto, além de inúmeras outras vítimas.

    No dia 25 de janeiro, é celebrado o aniversário da cidade de São Paulo. Com a proximidade das duas datas e a recepção paulista para imigrantes que fugiram do regime nazista, o Memorial do Holocausto fez uma campanha contando a história de quatro sobreviventes que encontraram na capital paulista um novo lar.

    Com o nome de “Obrigado Paulistanos”, quatro imigrantes – que são brasileiros e, principalmente, se consideram hoje paulistanos – contam suas histórias da saída do país de origem e a chegada na cidade de São Paulo. Os cinco filmes de 30 segundos cada relatam as experiências dos sobreviventes e contam um pouco sobre a recepção na capital paulista.

    A campanha foi idealizada por Marcio Pitliuk e Luiz Rampazzo, curadores do Memorial do Holocausto de São Paulo. Em entrevista à CNN, Pitliuk falou que a ideia do projeto é agradecer a população da capital por ter recebido os sobreviventes com tanto “amor e carinho”. “Aqui eles puderam reconstruir suas vidas. Aqui foi um lugar especial, um lugar maravilhoso, tanto que eles se sentem brasileiros”.

    Marika Gidali nasceu em 1937, em Budapeste, na Hungria. Ela era apenas uma criança quando viu sua cidade mudar com os horrores da Segunda Guerra Mundial. “Eu me lembro que fui para o orfanato e que lá o bombardeio era muito forte”, conta. “Me lembro que tinha que sair correndo o tempo todo, tinha que ir para o porão [o local mais seguro no caso de bombas] e depois voltar”.

    Em 1947, sua família decidiu ir para o Brasil. Como o governo de Getúlio Vargas não permitia a entrada de judeus, os Gidali tiveram que conseguir documentos falsos na Itália para embarcar para o Brasil e fugir da perseguição nazista. Chegando no Porto de Santos, ela não conseguiu desembarcar pois a polícia tinha informado que havia problemas com os documentos; então eles foram para o Uruguai e, assim, entraram no Brasil e chegaram a São Paulo, onde a tia de Marika já morava.

    “Fui super bem recebida”, conta Marika, hoje com mais de 80 anos. “Fui maravilhosamente bem recebida. São Paulo abriu portas para mim. São Paulo é um grande abraço, é o que há de bom para mim. Minha vida está totalmente ligada a São Paulo”.

    George Legmann nasceu na Alemanha, em um campo de concentração. Ele tem nacionalidade romena e é naturalizado brasileiro, chegou ao Brasil em 6 de setembro de 1961. Na época, um acordo entre o governo brasileiro e o romeno permitiu a entrada de cinquenta famílias no Brasil. A família Legmann conseguiu entrar.

    “Eu acho que quem chega no Brasil nas condições que eu cheguei tem que chegar e beijar a terra de manhã, uma vez na hora do almoço e uma vez à noite”, conta. “Você tinha o direito de falar com quem desejava, você não tinha que pensar com quem você vai falar e o que você vai falar – era uma sensação de liberdade”.

    George se considera brasileiro. E, acima de tudo, paulistano. “São Paulo me ofereceu tudo naquela época”, diz. “Quando vim para cá, me ofereceu trabalho e é onde conheci minha esposa, com quem eu tenho dois filhos.”

    “São Paulo, para mim, é tudo”, conta George. “São Paulo é a terra da oportunidade, do trabalho, e eu só tenho gratidão”.

    Serviço

    A campanha “Obrigado, Paulistanos” também estará em exposição no shopping Vila Olímpia, a partir do dia 23 de janeiro, e no Shopping Cidade de São Paulo, a partir do dia 25.

    A exposição permanente do Memorial do Holocausto pode ser conferida de segunda a quinta-feira, das 9h às 17h, e às sextas-feiras, das 9h às 15h. A entrada é gratuita e o agendamento da visita precisa ser feito pelo site.