Em áudio a colegas, procurador-geral nega pedido de prioridade em vacinação
Evidentemente eu não vou (levar pedido ao governador), não fiz, não farei e não acho que deve ser feito, disse Mário Luiz Sarrubbo na gravação
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, afirmou em áudio distribuído aos colegas do Ministério Público do Estado e obtido pela CNN Brasil que não vai pedir ao governador João Doria (PSDB) prioridade para sua categoria na vacinação contra a Covid-19. O órgão divulgou nota na manhã desta quinta-feira (3) em que informa não haver “qualquer solicitação formal por parte dos promotores para a sua inclusão nas etapas iniciais” da imunização.
O assunto foi aventado em reunião do Conselho Superior do MPE, em 24 de novembro, conforme ata disponibilizada pelo site da instituição, na qual o conselheiro Arual Martins apresentou “sugestão para análise da possibilidade de que os Promotores de Justiça sejam incluídos em uma das primeiras etapas prioritárias da vacinação contra a Covid-19, dada a atividade funcional da carreira”.
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De acordo com o documento, Sarrubbo “afirmou que encaminhará a questão ao Gabinete de Crise e que pode pessoalmente se empenhar em apresentar esse pleito ao Governo do Estado”. O procurador-geral relatou que ouviu de Doria, no dia anterior, que os testes da Coronavac haviam terminado e que havia a perspectiva de início da vacinação em janeiro, “inicialmente para a população mais vulnerável, que seriam os idosos, os profissionais de medicina, e assim por diante”. “De todo modo, (Sarrubbo) considera que é um pleito que pode ser levado a análise pelo Gabinete de Crise”, diz a ata.
Após a publicação do documento e repercussão negativa de notícia publicada pelo site Brasil de Fato nas redes sociais, Sarrubbo gravou o áudio em resposta a um colega de instituição e permitiu que fosse distribuído aos demais integrantes do MP. O procurador-geral disse que a reunião “já estava tensa” e que sua resposta na ocasião “está ligada à política interna, porque o Arual me levou essa demanda no Conselho, e foi nesse sentido que eu disse que iria falar com o governador”.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo
Foto: Reprodução/MPSP
“Evidentemente eu não vou (levar pedido ao governador), não fiz, não farei e não acho que deve ser feito. Não tem o menor cabimento esse tipo de situação”, diz Sarrubbo na gravação. “Respondi ali en passant (de passagem, em francês) em reunião do conselho ao colega e não vou fazer esse pedido.”
O procurador-geral reitera considerar que os integrantes do Ministério Público devem “entrar nas regras gerais, porque existem profissionais que trabalham na rua, profissionais médicos, idosos, gente com comorbidade que, promotor ou não, deve merecer a vacina antecipada”.
A repercussão do caso causou amplo mal estar dentro do Ministério Público, tanto entre promotores quanto entre procuradores. Em um grupo do qual fazem parte os integrantes mais experientes e respeitados da instituição, incluindo ex-procuradores-gerais como Rodrigo Pinho e Luiz Antonio Marrey, houve queixas ao pedido levado pelo conselheiro e classificação do episódio como “vergonhoso”.