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    Em 2021, mudanças climáticas tiveram destaque e eventos extremos alarmaram mundo

    Temática ambiental foi tema de cúpulas e de discussões sobre impactos dos eventos extremos no Brasil e no mundo. Relembre

    Giovanna Galvanida CNN*Eduardo Geraquecolaboração para a CNN , Em São Paulo

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    O segundo ano pandêmico foi mais um período em que os extremos climáticos apareceram para ressoar alertas sobre o impacto do aquecimento global no planeta.

    Entre enchentes, secas, queimadas e alagamentos, vidas humanas se perderam para tragédias que, apesar de muitas vezes inevitáveis pelo homem, são consequência visível da emissão galopante de carbono na atmosfera – que não arrefeceu conforme o mundo se recuperava do primeiro baque da Covid-19, como pensado.

    No entanto, não faltou pressão. Da COP26, em Glasgow, surgiu um acordo que menciona a necessidade de reduzir cada vez mais a dependência dos combustíveis fósseis. Para 2022, ainda há pontas soltas a serem resolvidas, e os eventos do ano anterior ajudarão a colocar em perspectiva cenários de eventos cada vez mais agressivos e recorrentes.

    CNN reuniu um compilado dos principais temas ambientais de 2021. Confira:

    Janeiro: Madri recoberta de neve

    A tempestade Filomena que atingiu a Espanha entre os dias 6 e 11 de janeiro deixou a capital espanhola toda branca e paralisada por dias, como não ocorria há 50 anos.

    A neve interrompeu o tráfego aéreo, bloqueou estradas e o fornecimento de mercadorias, pessoas e deixou rastros em boa parte da Espanha. Três pessoas morreram em decorrência da tragéria.

    A capital da Espanha foi classificada como uma “área de desastres” pelo governo local, com um prejuízo acumulado de mais de 1.4 bilhões de euros.

    Fevereiro: Assembleia da ONU para Meio Ambiente acaba com sinal triplo de emergência

    Realizada de forma online por causa da pandemia entre os dias 22 e 23, a Assembleia da ONU para Meio Ambiente terminou com um enfático sinal de alerta que serviria como ponto de partida para um ano com forte temática ambiental.

    Na Assembleia, autoridades defenderam que o mundo precisava ter ciência de que as crises ambientais, da biodiversidade e da poluição são uma só.

    “É cada vez mais evidente que as crises ambientais fazem parte da jornada que temos pela frente. Incêndios florestais, furacões, recordes de temperatura elevada, invernos sem precedentes, pragas de gafanhotos, inundações e secas se tornaram tão comuns que nem sempre chegam às manchetes”, afirmou o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, em declaração durante a Assembleia.

    Muitos dos eventos citados por Kenyatta seriam de fato observados ao longo de 2021.

    Março: chuvas torrenciais na Austrália

    Não se via nada parecido há mais de um século. Quatro dias de chuvas torrenciais na Austrália deixaram 40% do país em alerta. Aproximadamente 10 milhões de pessoas foram atingidas – um número significativo para um país com população de 25 milhões.

    Sydney, uma das principais cidades do país da Oceania, viu chover em março mais de três vezes o volume previsto para aquele mês.

    Abril: Cúpula do Clima sinaliza luz no fim do túnel

    Após um passar o período eleitoral contrastando com seu adversário Donald Trump sobre sua visão sobre as mudanças climáticas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convocou uma Cúpula do Clima a fim de anteceder novos acordos antes da realização da COP26 e tentar recuperar o papel de protagonista norte-americano no assunto.

    Vários países anunciaram metas ambiciosas na Cúpula do Clima. Os anfitriões, Japão, Canadá e a União Europeia anunciaram metas de redução de cerca de metade das emissões até 2030. O presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu que o Brasil alcançaria neutralidade climática até 2050, uma antecipação de 10 anos em relação à meta anterior.

    Maio: incêndios na Califórnia

    No dia 17 de maio, um incêndio atípico nos arredores de Los Angeles provocou o deslocamento forçado de aproximadamente mil pessoas. O episódio deu o alerta para as autoridades e para a população de como a temporada de incêndios florestais seria severa.

    A chegada do verão traria ainda mais fogo para a região. Entre maio e outubro, a quantidade de área queimada tornou-se a maior da série histórica.

    Incêndio florestal em Greenville, na Califórnia, EUA - Neal Waters/Anadolu Agency via Getty Images - 5 de agosto de 2021
    Incêndio florestal em Greenville, na Califórnia, EUA – Neal Waters/Anadolu Agency via Getty Images – 5 de agosto de 2021 / Neal Waters/Anadolu Agency via Getty Images

    Junho: ondas de calor no nordeste dos EUA

    O verão mais quente da história americana, segundo os registros da NOAA, deixou centenas de mortos em estados como Oregon e Washington. Na divisa com o Canadá, as temperaturas chegaram a 49,4ºC.

    No distrito canadense de British Columbia, os termômetros registraram 49,5ºC no dia 29 de junho – o pico de uma sequência de dias que quebraram todos os recordes históricos da região.

    Cientistas apontaram o evento como inevitavelmente atrelado ao efeito das mudanças climáticas, já que a região não é propensa naturalmente a registrar tais temperaturas.

    Julho: enchentes trágicas na Alemanha

    No continente europeu, o verão trouxe uma forte temporada de chuvas. Mais de 160 pessoas morreram na Alemanha por causa de enchentes históricas. A tragédia foi considerada a pior do país desde a 2ª Guerra Mundial.

    A então chanceler Angela Merkel, que classificou as cenas como “fantasmagóricas”, também atrelou o evento às mudanças climáticas e disse que o país precisava ser mais rápido para se preparar a elas.

    Agosto: furacão Ida

    Mais de 1 milhão de pessoas ficaram sem energia elétrica no Mississippi por causa do furacão Ida. As perdas econômicas também foram de larga escala: os estragos causados à infraestrutura de produção de energia offshore dos Estados Unidos foram os maiores desde que furacões sucessivos em 2005 interromperam a produção por meses, de acordo com os últimos dados e registros históricos.

    O evento climático, segundo os cientistas, apresentou todas as características previstas para os eventos extremos causados pelas mudanças do clima: produziu mais chuva, move-se mais devagar sobre o continente e gerou mais distúrbios na costa.

    Setembro: Amazônia, pior devastação em uma década

    Vista aérea de área desmatada da Amazônia no Mato Grosso / 28/07/2021 REUTERS/Amanda Perobelli

    Mais de 4 mil campos de futebol todos os dias. Este é o ritmo de devastação da floresta amazônica em setembro, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Mas o desmate da floresta vinha se acumulando ao longo do ano.

    Em setembro, foram seis meses já contabilizados como os piores da década. Os outros foram março, abril, maio, julho e agosto. Outubro também registraria um novo patamar para a retirada da floresta.

    Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento da Amazônia atingiu a marca de 13.235 quilômetros quadrados entre 1 de agosto de 2020 a 31 julho de 2021, alta de 21,97% na comparação com o ano passado.

    Outubro: Crise hídrica

    Registros da crise hídrica mostram como a situação está grave em vários pontos, principalmente do sudeste brasileiro. Essa foi a pior crise dos últimos 91 anos, apontaram especialistas. O rio Paraná, ao recuar mais de 200 metros, por exemplo, deixou expostas as ruínas da antiga cidade de Rubinéia.

    A escassez de chuvas fez com que termelétricas fossem acionadas pela Anatel – o que gerou um aumento na tarifa de luz e também significou mais emissão de carbono na atmosfera.

    A situação não foi exclusiva do Brasil. Nos Estados Unidos, uma seca severa fez com que 93% do oeste americano estivesse com algum grau de seca, segundo as autoridades. Problemas foram registrados na Califórnia, Nevada, Oregon, Idaho, Utah e Montana.

    Novembro: COP26 dá novo tom de urgência à pauta ambiental

    A realização da 26ª Conferência das Partes da ONU entre 31 de outubro e 14 de novembro mobilizou todos os líderes globais no que foi considerado um dos primeiros grandes eventos pós-descoberta da Covid-19.

    O acordo final, costurado já na “prorrogação” da conferência, faz uma menção sem precedentes ao papel dos combustíveis fósseis na crise climática. Com isso, países acordaram de exigir a redução gradual do uso do carvão e dos subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis.

    Na cúpula, o Brasil prometeu reduzir 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 e neutralizar as emissões de carbono até 2050, segundo anunciado pelo ministro Joaquim Leite no dia 1º de novembro. A meta anterior prometia 43% de redução em 2030.

    Um capítulo que permaneceu em aberto, no entanto, foi o do financiamento prometido de US$ 100 bilhões para países em desenvolvimento, tema também caro ao Brasil.

    Dezembro: ciclones na Bahia e tornados nos EUA

    O último mês do ano também chegou com cenas de desamparo vindas do sul da Bahia e do estado de Kentucky, nos Estados Unidos.

    Na Bahia, a passagem de ciclones gerou fortes tempestades que atingiram mais de 640 mil pessoas. Pelo menos 151 cidades baianas estão em situação de emergência. Ao menos 25 pessoas morreram em decorrência da tragédia, além de 54.771 ficarem desalojadas e 37.035 desabrigadas.

    Nos EUA, múltiplos tornados atingiram o estado do Kentucky e mataram mais de 100 cidadãos. As imagens de antes e depois dos tornados mostram vilarejos e cidades completamente modificadas em decorrência das chuvas.

    O presidente Joe Biden chamou os eventos de “piores, devastadores e mais mortais tornados da história do Kentucky”.

    *Com informações da Reuters

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