Edmar Santos delata empresa contratada para atuar em ‘episódio da geosmina’
City Works Ambiental recebeu mais de R$ 2 milhões pelo serviço emergencial de limpeza do sistema lagunar de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro
O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos, revelou, em sua colaboração premiada, os três grupos que compõem o esquema de desvios no governo fluminense.
Eles são encabeçados, segundo Edmar, pelo empresário Mário Peixoto, pelo presidente do Partido Social Cristão (PSC), Pastor Everaldo e por José Carlos de Melo, ex-pró-reitor de uma universidade privada na Baixada Fluminense.
Segundo Edmar, Mário Peixoto tinha mais poder que Pastor Everaldo em relação ao recebimento de vantagens indevidas. José Carlos de Melo, por sua vez, tinha boa relação com os dois grupos.
Ele se apresentava como empresário, mas segundo Edmar, realizada uma espécie de “agenciamento” de empresas junto ao governo estadual e, em troca, recebia vantagens indevidas.
De acordo com a colaboração do ex-secretário de Saúde, José Carlos atuou na contratação de uma empresa responsável por retirar as algas da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) no episódio conhecido como “geosmina”.
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Segundo as investigações, Melo exerceu forte influência na contratação da empresa City Works Ambiental para a remoção de algas pela Cedae e pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
De acordo com publicação no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro do dia 30 de abril de 2020, a City Works Ambiental – Empresa Fluminense de Serviços Eireli – celebrou com o Inea um contrato de R$ 2.511.324,10 para a realização do serviço emergencial de remoção de macrófitas aquáticas e resíduos sólidos flutuantes no espelho d’água do sistema lagunar de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
Um dos elos de interlocução entre Melo e o governo Witzel é Cassio Rodrigues Barreiros, atual Subsecretário de Assuntos Jurídicos do Gabinete do Governador e Presidente da Comissão de Desestatização da Cedae.
Segundo a delação de Edmar Santos, Barreiros e Melo tratam-se como tio e sobrinho, mostrando a proximidade entre os dois. Além disso, Barreiros era a pessoa de confiança de Witzel, sendo ouvido em diversas ocasiões antes do governador tomar decisões.
Isso explicaria a influência do grupo comandado por Melo na empresa pública estatal. Além deste grupo, a empresa tem forte influência do grupo do Pastor Everaldo.
A City Works Ambiental, que recebeu mais de R$ 2 milhões para o serviço em Jacarepaguá, está cadastrada em nome de Pedro Mário Nardelli Filho que, segundo Edmar Santos, é amigo de José Carlos Melo.
Segundo consta na denúncia do Ministério Público Federal (MPF), antes de abrir a City Works, Pedro era empregado em uma empresa de publicidade, sendo inclusive sócio em determinado momento, com rendimento mensal em torno de apenas R$ 600 reais.
Ainda segundo a denúncia do MPF enviada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois de finalizar seu último vínculo de emprego formal com a empresa de publicidade em questão, Nardelli Filho abriu a empresa City Works Ambiental, em 2012, que atualmente detém o capital social de R$ 3.700.000,00.