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    Duas em cada 10 mulheres foram ameaçadas de morte pelo parceiro ou ex no Brasil, diz pesquisa

    Dados estimam que, aproximadamente, 17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem em situação de risco de feminicídio

    Juliana Bernardinoda CNN* , em São Paulo

    Duas em cada dez mulheres já foram ameaçadas de morte pelo parceiro, ex ou namorado no Brasil, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (25), pelo Instituto Patrícia Galvão. Os dados estimam que, aproximadamente, 17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem em situação de risco de feminicídio.

    O estudo “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio”, foi realizado em conjunto com a Consulting do Brasil e teve apoio do Ministério das Mulheres, do Governo Federal.

    No total, foram entrevistadas 1.353 mulheres acima de 18 anos, por meio de um questionário online, entre 23 e 30 de outubro deste ano.

    Entre as vítimas de ameaça, o levantamento mostrou que 16% eram brancas e 26% eram negras.

    Além disso, a pesquisa também registrou que 6 em cada 10 entrevistadas conhecem ao menos uma mulher que já foi ameaçada de morte pelo atual ou ex-parceiro.

    Sensação de impunidade e descrédito sobre a efetividade das leis e políticas públicas

    Apenas 20% das entrevistadas acreditam que homens que cometem violência são presos. Segundo 95% das mulheres que participaram, embora saibam que violência doméstica é crime, os homens têm a convicção de que não serão punidos.

    A pesquisa mostrou que 8 em cada 10 mulheres acreditam que aumentar a pena para o crime de violência doméstica contra a mulher contribui para evitar mais casos de feminicídio. Entretanto, ao mesmo tempo, concordam que a polícia não leva a sério denúncias de tentativa de feminicídio.

    De forma espontânea, 97% apontaram a Delegacia da Mulher como o local ou serviço no qual uma mulher que está sendo ameaçada de violência pode buscar ajuda.

    Por que as mulheres permanecem em relações violentas?

    A dependência econômica do agressor foi apontada como o principal motivo para as mulheres que sofrem constantes agressões do parceiro não conseguirem sair da situação de violência.

    Assistência social e psicológica para fortalecer a autoestima e se tornar financeiramente independente do agressor é o que mais as mulheres dizem precisar para sair da relação violenta.

    A cultura machista é apontada por 44% das entrevistadas como motivo para o feminicídio íntimo – termo usado para designar o assassinato de uma mulher em contexto de violência doméstica e familiar, praticado por alguém conhecido da vítima.

    O Instituto Patrícia Galvão afirma que as redes sociais têm papel fundamental para conscientizar e mobilizar a sociedade contra o feminicídio. Entre as estratégias destacadas estão:

    • Criar campanhas de conscientização e educação sobre violência contra as mulheres;
    • Monitorar e denunciar conteúdos que promovam a violência contra as mulheres;
    • Estabelecer grupos de apoio online onde as vítimas possam compartilhar experiências e obter ajuda e utilizar influenciadores digitais para promover mensagens de igualdade de gênero e respeito entre mulheres e homens.

    “A pesquisa revela que as mulheres consideram que houve um aumento dos casos de feminicídio nos últimos anos e essa percepção se deve principalmente à sensação de impunidade e também de descrédito em relação à efetividade das políticas públicas de prevenção e responsabilização para os autores desses crimes. As mulheres entrevistadas destacaram que as vítimas de ameaças de parceiros têm muito medo e precisam do apoio do Estado para saírem dessas relações violentas e serem protegidas contra as ameaças de morte e o risco real de feminicídio”, diz Jacira Melo, diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão.

    *Sob supervisão

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