Dos mais de 46 milhões de testes prometidos por Teich, só 11% são distribuídos
Somando os dois tipos de testes, números não chegam a 5,5 milhões
Fila de 93 mil casos suspeitos a serem diagnosticados
O Ministério da Saúde só conseguiu entregar aos estados e municípios 10,86% dos 46,2 milhões de testes prometidos por Nelson Teich em 20 de abril. Na ocasião, o novo chefe da pasta da Saúde afirmou que quase dobraria a estrutura de diagnóstico nacional, porque essa seria uma das melhores formas de “se conhecer a doença”.
Dos 24,2 milhões de testes moleculares, o RT-PCR, que requerem o uso de uma máquina específica e têm o resultado mais lento, 6,6% foram distribuídos, totalizando 1.638.816. Já testes rápidos, que identificam se a pessoa teve ou está com a doença a partir de desenvolvimento dos anticorpos no sangue, dos 22 milhões, os estados e municípios brasileiros receberam 15,8%, ou seja, 3.478.560. Somando os dois números, não se chega a 5,5 milhões de testes.
Os dados foram apresentados nessa terça-feira (05) em coletiva de imprensa técnica no Palácio do Planalto, sem o ministro Nelson Teich, que foi representado pelo secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, um dos braços direitos do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Wanderson tentou deixar o cargo antes mesmo da demissão de seu colega. Assim que Teich assumiu, ele disse que ficaria até maio – ou até a transição ser concluída.
Teich vem trocando seus secretários, mas ainda conta com a ajuda de Wanderson para o tema “testes de diagnóstico” por ser uma de suas bandeiras. Há uma semana, em sessão virtual com o Senado, o ministro anunciou que divulgaria um programa de testes desenvolvido em parceira com a Fiocruz e o IBGE.
Ainda na coletiva desta terça-feira (05), o secretário Wanderson afirmou que, na segunda-feira (4), a fila de pessoas suspeitas esperando a realização do teste chegava a 93 mil. Além da média de 100 a 150 testes por dia nos laboratórios centrais, o Ministério da Saúde passou a contar com ajudas e reforços do Ministério da Agricultura, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de hospitais do Rio de Janeiro, do Distrito Federal e do Hospital das Forças Armadas, em Brasília.
“Testar 46,2 milhões de pessoas é testar 22% da população. Muito mais do que está sendo feito em vários países”, afirmou Wanderson.
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Projeções
Nesta quarta-feira (05), Teich se encontra com o ministro chefe da Casa Civil, general Braga Netto, e com o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, para, segundo a pasta, debater os últimos detalhes. A equipe técnica, por enquanto, conversa com representantes dos estados e municípios.
O secretário Wanderson também repercutiu as declarações do próprio ministro Teich sobre o Brasil, no futuro, ter 2% da população infectada, o que equivale a 4 milhões de doentes. Seria esse o maior registro mundial, já que os EUA, que têm sofrido periodicamente com o aumento dos casos, não chegou nos 2 milhões de infectados e já têm mais de 70 mil mortes.
“O Ministério da Saúde vem conversando com os países mais afetados, como Itália e Espanha, através da OMS. O ministro vem falando nesse número para discutir a projeção que os modelos matemáticos apresentam (…), que são sempre pessimistas. Esses modelos ainda são insuficientes. Precisamos de mais complexos”, completou Wanderson.
Na próxima semana (10), o secretário afirmou que terá um estudo, em parceria com a Universidade de Pelotas, que pode ajudar. “O Rio Grande do Sul, por exemplo, ainda não tem o vírus circulando de forma intensa. Isso acontece por causa da onda de infecção do próprio vírus ou por causa das normas de isolamento adotadas bem cedo? Não sabemos ainda”, explicou.
Por fim, Wanderson Oliveira reforçou a lógica que a doença vem apresentando no Brasil, que o ex-ministro Mandetta já falava: a cada 100 pacientes, 80 não sentirão nada, 5 serão hospitalizados em estado grave e 15 terão tratamento leve.