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    Doca Street, assassino de Ângela Diniz, morre aos 86 anos 

    O empresário paulistano ficou famoso em 1976 por ter assassinado a socialite Ângela Diniz, na Praia dos Ossos, em Búzios

    Fabrício Julião, Henrique Andrade e Leonardo Lopes*

    Morreu aos 86 anos, em São Paulo, nesta sexta-feira (18) Raul Fernando “Doca” Street.

    O empresário paulistano ficou famoso em 1976 por ter assassinado a socialite Ângela Diniz, na Praia dos Ossos, em Búzios (RJ).

    A informação foi confirmada à CNN por um familiar de Doca, que preferiu não se identificar.

    O feminicídio de Ângela Diniz

    No dia 30 de dezembro de 1976, a socialite conhecida como a “Panteira Mineira” foi morta com quatro tiros à queima-roupa em uma casa na cidade de Búzios pelo então namorado Doca Street.

    O crime foi cometido após uma discussão na qual Ângela tentou terminar o relacionamento que tinha há cerca de quatro meses.

    Após o homicídio, Doca fugiu e permaneceu semanas foragido até se entregar à Justiça. O caso foi um marco na discussão dos direitos da Mulher e do movimento feminista no Brasil.

    Em 1979, no primeiro julgamento do caso, o advogado Evandro Lins e Silva montou a tese de que Doca era uma vítima que agiu em legítima defesa da honra.

    Foi condenado a dois anos de prisão, mas por já ter cumprido um terço da pena quando o julgamento ocorreu, foi liberado e saiu livre do tribunal. 

    O crime causou comoção nacional. O movimento feminista, que ganhara corpo no país, reagiu ativamente com a campanha “Quem ama não mata”.

    O poeta Carlos Drummond de Andrade somou-se aos protestos: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.

    Posteriormente, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) anulou o julgamento e mandou Doca a um novo júri. 

    Em 1981, em um contexto de indignação pela impunidade, Doca foi julgado novamente e condenado. 

    Recebeu a pena de 15 anos de prisão, dos quais cumpriu três em regime fechado, dois em semi-aberto e dez em liberdade condicional.

    Em 2006, Doca lançou o livro “Mea Culpa” no qual conta sua versão do crime e narra como era sua vida com a socialite.

    Em 2015, entrou em vigor no Brasil a “Lei do Feminicídio”, para condenar o assassinato de mulheres por serem mulheres. 

    A lei considera feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. O crime pode render de 12 a 30 anos de prisão.

    O caso de Ângela Diniz voltou a ganhar relevância recentemente ao ser interpretado na série “Coisa Mais Linda”, da Netflix, e recontado no podcast “Praia dos Ossos”, da Rádio Novelo.

    (*Sob supervisão de Evelyne Lorenzetti)

     

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