Distância entre notas de cotistas e demais alunos é de no máximo 1,2 ponto, diz estudo
À CNN Rádio, a coordenadora da pesquisa, Marta Arretche, também afirmou que a distância entre os alunos diminui à medida que a graduação avança
Uma pesquisa sobre estudantes da Universidade de São Paulo apontou que a nota de cotistas e a dos demais alunos têm uma diferença de, no máximo, 1,2 ponto.
Além disso, o estudo trouxe um outro aspecto importante: à medida que a graduação chega ao fim, essa distância tende a ser reduzida.
O levantamento acompanhou cerca de 11 mil ingressantes da USP desde 2018, quando começou o programa de cotas.
Em entrevista à CNN, a coordenadora da pesquisa e professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Marta Arretche, avaliou que o resultado é “muito importante” para auxiliar, com dados, as decisões sobre políticas de tanto impacto, como a de cotas.
“Para a decisão sobre a continuidade dos programas e eventuais reformas é muito importante que elas sejam embasadas em evidências e esse é o papel das pesquisas”, disse.
Marta contou que os alunos foram distribuídos em quatro grupos: quem cursou o ensino médio em escola privada e não participa de cotas, chamados de não-PPI (pretos, pardos e indígenas), quem estudou em escola privada e é PPI, quem cursou o ensino médio em escolas públicas e não é PPI e aqueles que estudaram em escolas públicas e são PPI.
“Acompanhamos as notas deles no semestre, o que nos permitiu observar a evolução desses alunos ao longo do tempo”, analisou.
Segundo a professora, “desde o início a disparidade não é muito grande, distribuímos esses grupos nos cursos mais competitivos, e em cursos menos competitivos. Entre os alunos nos cursos menos competitivos, a diferença é de 0,9 ponto, e entre os mais competitivos, como medicina e engenharia, a diferença é de 1,2 ponto e vai diminuindo.”
A pesquisadora ainda disse que o fator pandemia trouxe uma diminuição ainda mais acentuada entre alunos cotistas e não-cotistas, mas, por ser um evento externo importante, é preciso ter cautela com esse dado.
Marta disse que a distância de notas é baseada em uma “mediana central”, e que há muita variação das cotas. “Tem uma questão que precisa ser levada em consideração, alunos apresentam desempenho mais baixo em média, no desempenho escolar, mas isso não compromete a excelência da universidade e a distância pode ser recuperada.”