Dia Mundial do Braille: como surgiu esse sistema e como ele funciona
Sistema é celebrado mundialmente no dia 4 de janeiro e mostra a importância da inclusão das pessoas com deficiência


A maneira como surgiu o sistema Braille de escrita e leitura para cegos, celebrado mundialmente no dia 4 de janeiro, mostra a importância da inclusão das pessoas com deficiência na tomada de decisões, além da necessidade de inserção no ambiente escolar e acadêmico.
Louis Braille, francês responsável pela criação do método que permite aos cegos lerem, perdeu a visão ainda na primeira infância. Ele inventou o seu método quando tinha apenas 15 anos ao desenvolver um sistema de célula para leitura por meio do tato.
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Braille desenvolveu o sistema durante seus estudos no Instituto Real dos Jovens Cegos, em Paris. Ele se inspirou no método militar criado por Charles Barbier, um capitão de artilharia do exército francês que inventou um sistema de escrita noturna para possibilitar que mensagens fossem transmitidas na escuridão da noite.
O sistema Barbier combinava de maneiras diferentes 12 pontos em alto relevo para compor mensagens curtas. O estudante francês se dedicou a aperfeiçoar a linguagem do militar e reduziu os pontos para seis, que se mantem até hoje como o padrão para composição dos 63 caracteres do sistema Braille.
A invenção foi publicada pela primeira vez em 1829 e teve uma elaboração mais completa em 1837. Porém, o método só foi aplicado pela escola onde o aluno estudou e desenvolveu sua solução em 1854, dois anos após a sua morte. Antes disso, porém, o sistema já era amplamente utilizado pelos colegas cegos de Braille, ainda que extraoficialmente.
A introdução do método no Brasil aconteceu pelas mãos de José Álvares de Azevedo, filho de uma família rica do Rio de Janeiro. Ele foi enviado à França por seus pais para estudar, dos 10 aos 16 anos, no mesmo Instituto Real dos Jovens Cegos, em Paris.
No Brasil, José Álvares é apontado como o primeiro professor de Braille e, segundo o livro “Sistema Braille: Simbologia Básica Aplicada à Língua Portuguesa”, de Elise de Melo Borba Ferreira, foi responsável por convencer o imperador D. Pedro II a fundar o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, hoje Instituto Benjamin Constant, centro de ensino do Ministério da Educação (MEC) voltado aos estudos sobre a deficiência da visão.
Escrita e leitura
Inicialmente, a escrita em Braille era produzida apenas com dois aparelhos simples, reglete e punção. Depois, avançou para máquinas de datilografia apropriadas, compostas por seis teclas de pontos e uma que funciona como espaçadora. Existem ainda as teclas para mudança de linha e para correção do texto.
Hoje, os livros em Braille são produzidos principalmente por meio de impressoras computadorizadas. Os dados podem ser inseridos por digitação em teclado ou por scanner. Os textos são transmitidos a uma impressora Braille que produz os livros em alta velocidade em papel com gramatura igual ou superior a 120g/m².
A leitura é feita, geralmente, pelo indicador de uma das mãos ou de ambas, começando à esquerda da folha até a direita, como as leituras tradicionais.
Antes do Braille
Outro francês foi responsável por dar aos cegos a possibilidade de ler ainda antes de Louis Braille. Valentin Haüy estampou o papel com letras normais do alfabeto em relevo. Ele inspirou outras versões de sistemas de leitura que, assim como seu método, já não estão mais em uso.
A única versão ainda usada desse tipo de técnica é a de William Moon, conhecido como Moon type e inventada em 1845, na Inglaterra. O sistema retém parcialmente os contornos das letras do alfabeto romano e é mais usado por aqueles que ficaram cegos mais tarde e encontram dificuldades para aprender o Braille.
Data comemorativa
O Dia Mundial do Braille foi comemorado pela primeira vez em 4 de janeiro de 2019 e criado, segundo a ONU, para aumentar a consciência sobre a importância desse sistema como meio de democratização da comunicação e na plena realização dos direitos humanos entre as pessoas cegas.
O sistema de Louis Braille está contemplado no artigo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência como um dos dispositivos de comunicação essenciais para disseminação da educação, da liberdade de expressão e de opinião entre todos os indivíduos.