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    Dezenas de incêndios na floresta amazônica sufocam Manaus em meio à seca histórica

    Moradores da região relataram dificuldade em respirar por conta da densa fumaça que tomou a capital amazonense

    Bruno KellyAnthony Boadleda Reuters , em Manaus

    A cidade de Manaus registrou uma espessa fumaça sobre o céu nesta quinta-feira (12) após a ocorrência de dezenas de incêndios florestais.

    Os incêndios –muitos deles iniciados ilegalmente– dificultaram a respiração dos moradores da região. Entre as queixas dos manauaras estava ardência no nariz e na garganta.

    “Meu nariz arde o tempo todo e meus olhos também, mesmo quando estão fechados. Não conseguimos respirar direito”, disse o estudante universitário Ronny Gonçalves. “Não consigo ver o horizonte [por conta da densa fumaça].”

    Uma outra observação é que a qualidade do ar estava tão prejudicada pela fumaça que o canto dos passarinhos não foi escutado, conforme os moradores.

    Especialistas afirmam que a poluição atmosférica é proveniente de incêndios ao redor da cidade e dentro de sua área metropolitana, muitas vezes deliberadamente provocados para derrubar árvores para agricultura e construção de casas sem autorização.

    As condições de seca severa que o estado enfrenta, somadas às altas temperaturas, ajudaram a inflamar e espalhar os incêndios, de acordo com Carlos Durigan, diretor nacional da Wildlife Conservation Society no Brasil.

    “Nunca esteve tão ruim assim em décadas”, disse o geógrafo que viveu por 30 anos na Amazônia.

    A região está sob pressão do fenômeno climático El Niño e as chuvas no norte da Amazônia estão bem abaixo da média histórica. Os córregos e afluentes que correm para a Amazônia caíram a níveis quase recordes.

    O governo brasileiro enviou equipes de bombeiros para conter os incêndios florestais. Mas os moradores temem que o ar cheio de fumaça persista até que chova, o que não é esperado até o fim de novembro.

    Incêndios florestais na floresta amazônica têm sido mais comuns nos últimos anos a sudoeste de Manaus e também nos estados de Rondônia e Acre.

    Durigan disse que muitas estradas construídas ao redor de Manaus levaram a um desmatamento mais rápido dentro e fora da área metropolitana. Os grileiros costumam atear fogo para desmatar ilegalmente, disse ele.

    “Hoje foi o pior dia. Não podemos mais ver o rio do meu apartamento”, disse Maria Lucia de Freitas, ao apontar que a poluição atmosférica no horizonte apareceu pela primeira vez em Manaus há um mês.

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