Decisão do STJ cita e-mail com pagamentos a mulher de Wilson Witzel
Decisão do ministro Benedito Gonçalves diz que governador pode ter tomado atitudes para facilitar fraudes contra sistema de saúde do RJ



O ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmou haver indícios de que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), tenha tomado atitudes para facilitar fraudes contra o sistema de saúde do estado.
O analista de política da CNN Caio Junqueira teve acesso à integra da decisão do ministro. No texto, que embasou a Operação Placebo nesta terça-feira (26), Gonçalves afirmou que a decisão do governador de revogar a desqualificação da empresa Unir Saúde de licitação demonstra “forte probabilidade da existência de ajustes para o desvio de dinheiro público”.
“O MPF imputa indícios de participação ativa do governador do estado quanto ao conhecimento e ao comando das contratações realizadas com as empresas hora investigadas, mesmo sem ter assinado diretamente os documentos”, escreveu o ministro.
A decisão também mostra que a primeira-dama do estado, Helena Witzel, é considerada peça do esquema fraudulento. O texto do ministro diz que o compartilhamento de provas oriundas da Justiça Federal mostra relação entre Helena e as empresas e com os suspeitos investigados.
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“[As provas mostram] vínculo estreito suspeito entre a primeira dama do estado do Rio de Janeiro H.A.B.W. e as empresas de interesse de M.P., em especial, o contrato de prestação de serviços e honorários advocatícios entre seu escritório de advocacia e a empresa DPAD Serviços Diagnósticos LTDA, bem como comprovantes de transferência de recursos entre as duas empresas”.
A decisão descreve ainda que foi encontrada uma mensagem de e-mail, de 14 de abril, com documentos relacionados a pagamentos para a esposa do governador Wilson Witzel. O documento utiliza siglas: HABW, para Helena Alves Brandão Witzel, MP para Mário Peixoto, além de WW para Wilson Witzel.
O escritório de advocacia da primeira-dama também foi um dos alvos da busca feita nesta terça-feira. O documento, que ainda não é público, não faz referência aos valores que teriam sido pagos a Helena Witzel.