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    Cúpula da Amazônia deveria se repetir e será importante para pauta da COP-30, dizem especialistas

    Discussões acontecem nos dias 8 e 9 de agosto em Belém, no Pará

    Felipe de Souzacolaboração para a CNN , São Paulo

    As discussões previstas na Cúpula da Amazônia, que acontece nos dias 8 e 9 de agosto em Belém, podem ser, na opinião de especialistas ouvidos pela CNN,  determinantes para nortear o futuro da conservação do planeta e do desenvolvimento sustentável e pautar a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30), que também vai acontecer na capital do Pará em 2025.

    A preparação do encontro ficou a cargo da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), uma organização intergovernamental formada pelos países que são cobertos pela área da floresta.

    VÍDEO – Começam os debates sobre o futuro da Amazônia

    O que é a Cúpula da Amazônia, o que será discutido e quem virá

    Uma minuta da Declaração de Belém — como será chamado o comunicado final da cúpula — já teria sido submetida a diversos ministérios para que possam apontar sensibilidades e sugerir aperfeiçoamentos, como a criação de um centro de cooperação policial em Manaus e a formatação de um sistema integrado de tráfego aéreo.

    As discussões da Cúpula da Amazônia podem ser replicadas na COP-30 desde que a reunião internacional seja pensada e focada para a região, acredita Mariane Castro, gestora de comunicação do Observatório do Marajó, uma organização que trabalha para construir tecnologias e pautar agenda pública para 16 municípios da região paraense.

    Desde que a própria reunião não reproduza os problemas que supostamente pretende resolver, como a suposta falta de participação popular nas discussões, determinação de compromissos que costumamos ver ficar apenas na fala, é possível um bom resultado. As estratégias para o desenvolvimento sustentável da Amazônia não podem ser às custas do extermínio da nossa população originária

    Mariane Castro

    A opinião da professora de Relações Internacionais nas Faculdades de Campinas (FACAMP) e diretora do Centro de Estudos e Pesquisas em Relações Internacionais (CERI-FACAMP) Patrícia Nogueira Rinaldi é parecida. Ela faz parte da rede da Organização das Nações Unidas sobre Harmonia com a Natureza, e vê a Cúpula como uma forma de alinhamento de agendas entre os países que compartilham o ecossistema.

    Acredito que a realização da Cúpula e da COP-30 no Brasil pode ajudar a resgatar os objetivos da conferência, que foram muito esquecidos nas últimas edições. O mundo não se deu conta que estamos num ponto de não-retorno da biodiversidade. Apesar de alguns avanços na COP-27, como o fundo de perdas e danos e maiores compromissos financeiros, ainda não são suficientes para dar uma resposta à catástrofe climática e ambiental que vivemos

    Patrícia Nogueira Rinaldi

    Do lado diplomático, a realização da COP-30 no Brasil faz com que o evento em si volte a ganhar relevância e liberdade para discussão dos temas, com a participação da sociedade civil. Patrícia afirma que a COP-27, realizada no Egito, foi muito prejudicada pelas imposições do país.

    VÍDEO – Cúpula discutirá futuro da Amazônia na próxima semana em Belém

    O griô quilombola Mestre Ivamar, pesquisador, escritor e que mora há mais de 20 anos na amazônia amapaense, na cidade de Macapá (AP), afirma que todas as possibilidades de escutas sociais individuais ou coletivas dos povos da Amazônia são relevantes para a proposição de políticas públicas em torno geração de recursos socioeconômicos para todos os povos

    É necessário respeitar as narrativas dos povos que mantém a floresta de pé, é necessário respeitar as tecnologias ancestrais de produção de alimento sem degradar as florestas, as nascentes dos rios e a biodiversidade, sem isso, nenhum modelo de justiça climática pode ser levada a sério, em uma sociedade que não legitima a Amazônia como território que tem a maior capacidade de produção de alimento e água doce para o mundo

    Mestre Ivamar

    O Instituto Mapinguari, ONG da Amazônia que atua desde 2015 apoiando e executando ações de defesa, preservação e conservação do meio ambiente, acredita que o legado da Cúpula da Amazônia pode ir além do que seja discutido na COP-30. Yuri Silva, diretor técnico, avalia que é possível que essa reunião se torne uma “COP regional”.

    Sem dúvida é um evento que deveria ser realizado mais vezes, exatamente para que a gente possa debater as similaridades entre os países da região amazônica. Um exemplo: temos a questão do petróleo, em que muitos países estão debatendo –inclusive com a criação de uma zona livre de petróleo– e somente nesses espaços internacionais é que a gente consegue discutir isso. Se essa mesa fosse trazida para cá, mais perto, seria muito mais importante

    Yuri Silva

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