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    Criminosos são presos dentro de escola em operação do Bope no Rio 

    Bandidos fugiram de operação policial na Maré e se abrigaram em um colégio público, onde foram capturados 

    Rafaela CascardoLaura Slobodeicovda CNN , Rio de Janeiro-RJ e São Paulo-SP

    O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) prendeu, na manhã desta quarta-feira (5), 16 criminosos no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro. O grupo invadiu uma escola municipal na favela Nova Holanda para fugir de uma operação realizada pelos policiais na região, mas os integrantes foram encurralados e se renderam.

    A Polícia também apreendeu três fuzis, quatro pistolas, nove granadas, cinco rádios comunicadores e cerca de três quilos de maconha. A ação foi feita para verificar o paradeiro e capturar traficantes de outros Estados que estariam escondidos na região. O fato aconteceu por volta das 6h30, antes dos alunos chegarem para as aulas. 

    A Secretaria Municipal de Educação informou que 21 escolas tiveram aulas presenciais suspensas hoje no Complexo da Maré, seguindo o protocolo da rede municipal “Acesso Mais Seguro”. 

    “Nenhum local combina com violência, principalmente escola. Escola é um local sagrado. Escola não pode ser rota de fuga, esconderijo de bandido, palco de tiroteio, ataque ou qualquer forma de violência. Educação e violência não combinam. Escola é local de paz, acolhimento e aprendizagem”, afirmou o secretário municipal de educação, Renan Ferreirinha.

    A Secretaria de Estado de Educação afirmou que as duas unidades da rede estadual de ensino na região também tiveram as aulas suspensas.

    Ocupação

    Segundo a Polícia, os chefes da facção local teriam dado ordens para que os moradores da região fossem até a escola para evitar a retirada dos criminosos do espaço. Houve confusão e, ainda de acordo com a Polícia, veículos blindados precisaram entrar no terreno no colégio para a retirada dos presos. A ocorrência aconteceu por volta das 6h30, antes dos alunos chegarem para as aulas.

    “Nos últimos anos, a Justiça determinou que, durante operações, a Polícia evitasse o perímetro de escolas e creches, bem como proibiu a utilização de qualquer área educacional como base operacional da Polícia, inclusive áreas de entrada e saída desses estabelecimentos de ensino. A matemática é muito simples: todo espaço deixado pela Polícia será ocupado pelo crime organizado. Por isso, qualquer restrição à atuação policial é nociva a sociedade”, comentou o delegado e coordenador da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), Fabrício Oliveira. 

    Procurada pela CNN, a Defensoria Pública do Rio declarou que “não são verdadeiras as afirmações de que a polícia está proibida de ingressar em áreas dominadas pelo crime organizado. As medidas adotadas pelo Poder Judiciário na ADPF 635 apenas determinam cuidados básicos já previstos em leis para, por exemplo, proteger o perímetro de escolas e creches especialmente durante os horários de entrada e saída”.

    “As medidas não impedem a atuação da polícia, mas exigem que as mesmas leis que protegem os moradores dos bairros ricos, também se apliquem aos moradores das favelas e comunidades pobres. O cumprimento da lei e o combate ao crime são encorajados pelas decisões judiciais, mas não em detrimento da vida das crianças, trabalhadoras e trabalhadores que sofrem com o jugo de organizações criminosas. Afinal, poder sem controle não é poder, mas arbítrio”, continuou a nota assinada pelo defensor público André Castro, coordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos.

    A CNN entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Rio, responsável pela decisão, em 2020, por meio da 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio. Na ocasião, o TJRJ atendeu a um pedido da Defensoria Pública do Rio. Os órgãos ainda não comentaram o assunto.

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