Consciência negra para todos e sobre quem nem sempre é visto
A vida de todo mundo requer portas abertas para engrenar; para os negros, o Novembro Negro é uma dessas janelas de oportunidades
Excluir o negro na sociedade não mobiliza tantas reações, nem comove tanto o público, quanto as ações exclusivas e afirmativas para negros, como cotas sociais, bolsas de estudos, grupos e prêmios.
Como exemplo prático, recentemente, em resposta à publicação de que haveria uma premiação para jornalistas negros no país, alguém comentou na internet: “que piada essa raça”.
A causa negra segue incomodando mesmo após 135 anos do fim da escravidão.
Tem a ver com a perspectiva sobre quem sempre se dá bem ou mal na história, sobre ter exclusividade em algo ou ser excluído. Em outras palavras, sobre o que é considerado padrão.
Não faz muito tempo que as oportunidades estiveram restritas a uma classe social, com o mesmo tom de pele, de rostos e corpos muito parecidos entre si. Como o jogo era feito por eles, para eles, quem se insurgia ia para o tronco ou para prisão.
Mas parecia que tudo estava absolutamente no seu lugar.
Na pauta em que o negro se dá bem, ele e sua família se beneficiam e trazem avanços — econômicos, políticos, morais — para toda a sociedade; já naquela notícia em que o negro é excluído — tão cruel, quanto histórica — ele sai prejudicado para uma parcela seguir privilegiada. Então, tudo bem?
A vida de todo mundo requer portas abertas para engrenar. Para os negros, o Novembro Negro é uma dessas janelas de oportunidades.
A consciência negra está aí para mostrar quem padece de invisibilidade social todos os dias. Dá para perceber quem nem sempre é visto.
Datas marcadas no calendário oficial fazem pensar sobre grandes acontecimentos da história, grandes comemorações ou grandes perdas. O 20 de Novembro é sobre todas as Dandaras e todos os Zumbis que seguem na luta.