Concessionária de saneamento do Rio quer despoluir Baía de Guanabara até 2033
Investimento inicial da empresa que opera dois dos quatro lotes concedidos seria de R$ 2,7 bilhões nos primeiros cinco anos
Após o leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), as empresas que assumiram três dos quatro lotes concedidos dos serviços de saneamento já planejam cumprir os acordos estipulados pelo contrato.
Um dos principais pontos é a despoluição da Baía de Guanabara, que fica na área de abrangência da concessionária Águas do Rio, vencedora de dois lotes que alcançam 12 dos 17 municípios da bacia hidrográfica. Segundo a companhia, a meta é que o ecossistema esteja despoluído até 2033.
Além da biodiversidade marinha, a baía abriga o Porto do Rio de Janeiro, o segundo mais importante do país, base de atividades econômicas que geram trabalho e renda para a população fluminense. Apenas nos 12 municípios que serão trabalhados, são contabilizadas mais de 11 milhões de pessoas.
O objetivo é zerar o despejo de esgoto in natura nos 143 rios e córregos, além das galerias pluviais, que deságuam na baía. Além de boa parte da capital, a companhia atende outros 11 municípios importantes do estado, na Baixada Fluminense e a cidade de São Gonçalo, a segunda mais populosa do Rio de Janeiro, com 1,1 milhão de habitantes.
A empresa afirma que em cinco anos já será possível notar a diferença. Nesse período, o chamado “cinturão de proteção”, um sistema coletor de esgoto com pelo menos 30 quilômetros de extensão já terá sido construído ao redor da baía. O investimento inicial nessa primeira etapa é de R$ 2,7 bilhões, como explica Alexandre Bianchini, presidente da Águas do Rio.
“Temos que recuperar toda a estrutura existente Cedae, que está bastante deteriorada. Isso já vai trazer um impacto bastante positivo para a baía e para população. Na sequência, até os próximos cinco anos, temos que fazer grandes coletores. Até o 12º ano teremos que investir 19 bilhões para concluir toda a coleta e tratamento de esgoto”, afirmou o representante da concessionária.
O valor de R$ 19 bilhões é referente a toda a área de concessão, que vai além do impacto na Baía de Guanabara. Para recuperar a região até 2033, a projeção é que sejam injetados R$ 10,6 bilhões na despoluição do ecossistema. A capital receberia a maior parcela do investimento, com R$ 3, 5 bilhões, seguida por Duque de Caxias, com R$ 1,8 bilhão, e São Gonçalo, com R$ 1,7 bilhão.
“A responsabilidade da Águas do Rio é estancar o despejo de esgoto sem tratamento. Sabemos que é o principal problema, mas não o único. Lixo urbano e resíduos da indústria naval, por exemplo, são assuntos que não passam por nós”, afirmou a empresa em nota.
Dos outros cinco municípios que compõem a região da baía, mas estão fora da alçada da concessionária, três são administrados por prefeituras ou empresas públicas.
A região de Niterói e Petrópolis fazem parte da companhia Águas do Brasil, que não arrematou nenhum lote no leilão e, logo, não tem o mesmo compromisso com a baía do que as outras empresas vencedoras. A CNN questionou a Águas do Brasil sobre investimentos na despoluição da Baía de Guanabara e aguarda o retorno.
O leilão dos lotes da Cedae ocorreu em abril, na Bolsa de Valores de São Paulo, e o bloco três, com sete cidades, foi o único que não atraiu interessados.
A oferta então foi refeita e mais municípios, atraídos pelos investimentos, decidiram aderir à proposta. No dia 29 de dezembro a área será novamente disponibilizada, agora com 29 municípios e valor mínimo de R$ 1,1 bilhão em outorgas.
*Sob supervisão de Stéfano Salles