Commodities, sanções e saída de empresas da Rússia estão no foco do mercado
Os mercados globais operam de olho nas tensões no Leste Europeu. No Brasil, a interrupção no fornecimento de fertilizantes por Belarus é destaque

O conflito no Leste Europeu continua dominando a atenção dos mercados nesta quarta-feira (2).
Começando pelo exterior, a guerra na Ucrânia ganhou escala impensável com impactos nos mercados, nos preços das commodities, numa mudança radical na estratégia das maiores empresas do mundo contra a Rússia, alimentando um cenário de muita incerteza sobre o desfecho do conflito.
As bolsas na Ásia fecharam em queda, mas a expectativa por uma nova rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia animou um pouco os mercados na Europa, que operam da estabilidade para alta. Os futuros dos Estados Unidos seguem o mesmo ritmo.
O representante do banco da China disse hoje mais cedo que o país não apoia as sanções financeiras contra Rússia, especialmente aquelas adotadas “unilateralmente”, e confirmou que a China vai manter negócios com seus parceiros, sem citar a Rússia diretamente.
Neste contexto, vale ressaltar o petróleo que engatou numa alta fortíssima, reagindo à intensidade das sanções de países e do setor privado contra a Rússia. O petróleo americano, WTI (West Texas Intermediate na sigla em inglês), ultrapassou a barreira dos US$ 102 pela primeira vez em 8 anos e hoje encostou nos US$ 111 o barril.
A mesma coisa com o tipo Brent, que foi até US$ 113 e voltou. A alta segue acima dos 5% nas duas cotações.
Como lembra Adriano Pires, do CBIE (consultoria em energia), o petróleo ainda é a maior das commodities e tem o poder de levar todas as outras atrás dele, para cima e para baixo.
Entre o curto e o médio prazo, a preocupação maior é com a inflação e com a resposta que os bancos centrais vão dar a mais esse choque de preços.
Nesta quarta-feira, os EUA anunciaram novas sanções contra o banco central e o fundo soberano da Rússia, proibindo cidadãos americanos de se envolver em qualquer tipo de transação com o banco central, o fundo nacional e o ministério de finanças da Rússia.
A Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) faz sua terceira reunião e o presidente Joe Biden anunciou o fechamento do espaço aéreo para a Rússia e disse que os Estados Unidos só vão lutar por aliados na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Brasil
A abertura dos mercados nesta quarta está entre a razão e a sensibilidade. Racionalmente, o Brasil tem perfil de ativos que pode atrair capital que foge de risco, como as empresas de commodities, sem abrir mão da rentabilidade, com a nossa taxa de juros.
Para além da razão, os gestores não vão escapar de uma correção nos preços dos ativos e nem de toda tensão sobre o que pode acontecer lá fora.
Há também uma grande preocupação com relação a como o Brasil vai garantir o abastecimento de fertilizantes até agosto deste ano, o prazo máximo para que a próxima safra não se prejudique.
Agenda do Dia
Nos EUA, o presidente do FED – o banco central norte-americano -, Jeremy Powell fala ao congresso americano às 12h. O governo americano também divulga os estoques de petróleo, que podem abaixar um pouco o preço do produto.
No Brasil, os mercados começam a operar às 13h.