Comitê cobra respostas sobre os assassinatos de Marielle e Anderson
Representantes esperam retorno de autoridades do Rio de Janeiro para falar das investigações
O Comitê Justiça por Marielle e Anderson se reuniu nesta quinta-feira (10) com o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Rogerio Schietti, para pedir celeridade no julgamento de um agravo apresentado pela defesa do policial militar reformado Ronnie Lessa.
Os advogados de Lessa questionam a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro de levar o caso para o Tribunal do Juri. O policial reformado é um dos réus acusados da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson do Carmo, em março de 2018.
O agravo foi apresentado em setembro do ano passado. O TJRJ já havia negado o primeiro pedido de recurso da defesa para não levar o caso ao Tribunal do Juri.
Em nota, as organizações que compõem o Comitê (Anistia Internacional Brasil, Instituto Marielle Franco, Justiça Global, Coalização Negra por Direitos e Terra de Direitos) reiteraram a importância de ser observada a celeridade no julgamento dos réus.
O crime, ainda sem solução, completa 4 anos na próxima segunda-feira (14).
Estiveram presentes na reunião a mãe e o pai de Marielle, a esposa de Anderson do Carmo e a companheira de Marielle, a vereadora Mônica Benício.
As famílias ressaltaram que quatro anos é tempo demais e que “uma justiça que tarda não é justiça”. Segundo o Comitê, o ministro Rogerio Schietti do STJ prometeu empenho e celeridade na apreciação do agravo que ainda está pendente.
O Comitê reforçou que Marielle Franco era uma parlamentar em pleno exercício do mandato e uma defensora de direitos humanos e que a ausência de resposta, neste caso, tem um impacto na vida de outras defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil.
Na quarta-feira (09), o Comitê esteve na Delegacia de Homicídios da capital Fluminense para cobrar o andamento das investigações. Na ocasião, a diretora da Anistia Internacional, Jurema Werneck, também cobrou respostas das autoridades fluminenses.
“É preciso que as autoridades públicas passem a mensagem firme de que a impunidade não vai ser o legado do assassinato de Marielle” declarou Jurema Werneck.
No mês passado, a Polícia Civil do Rio de Janeiro trocou pela 5ª vez o delegado responsável pela condução das investigações sobre a autoria dos assassinatos. O caso será conduzido pelo delegado Alexandre Herdy.
No âmbito do Ministério Público do Rio de Janeiro também houve mudança em 2021. O promotor Bruno Gangoni assumiu o caso após a saída das promotoras Simone Sibílio e Letícia Emile, que estavam no caso desde 2018.
Segundo a CNN apurou, elas deixaram a força-tarefa que apura os assassinatos sob alegação de receio e insatisfação com interferências externas.
No dia 14 de março, dia em que completam-se 4 anos dos assassinatos de Marielle e Anderson, será realizada uma missa na Igreja da Candelária, no Centro do Rio. No mesmo dia, os dois serão homenageados em um evento gratuito na Lapa, no Rio de Janeiro, e no Largo da Batata, em São Paulo.
Quem matou Marielle Franco?
Em março de 2019, o sargento reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Queiroz foram presos, suspeitos da execução do crime. Segundo o inquérito policial, Lessa fez os disparos e Queiroz conduzia o carro onde estavam os assassinos.
No dia das prisões, a polícia encontrou 117 fuzis que Lessa escondia na casa de um amigo. Além do armamento, mais 500 munições, três silenciadores e R$ 112 mil em dinheiro foram apreendidos. Lessa morava no mesmo condomínio em que o presidente Jair Bolsonaro mantém uma casa, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, local onde as armas foram encontradas.
O outro suspeito, Élcio Queiroz, foi expulso da corporação em 2016, acusado de trabalhar ilegalmente como segurança de casas de jogos de azar, em paralelo à atuação como policial.
Ambos negam participação no crime e seguem presos em Mossoró (RN), onde aguardam julgamento.