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    Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ assume defesa de trans agredidas na Lapa

    Mulheres afirmam que foram vítimas de transfobia por parte de seguranças na saída de um samba

    Rafaela Cascardoda CNN , Rio de Janeiro

    A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) anunciou, nesta segunda-feira (22), que assumiu a defesa de duas mulheres transsexuais que denunciam ter sido agredidas na saída de um samba, na Lapa, região central do Rio, na última sexta-feira (19).

    O advogado Djeff Amadeus, diretor do Instituto de Defesa da População Negra, também compõe a equipe jurídica. Eles se reuniram com as vítimas Zuri e Lua na sede da instituição nesta segunda. Também participou do encontro um representante da Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual, da Prefeitura do Rio.

    Por meio das redes sociais, as duas mulheres, que são designers de moda, compartilharam imagens com ferimentos pelo corpo. Elas afirmam que sofreram intimidações e constrangimentos na casa de samba Casarão do Firmino. Ao saírem do local, elas relatam que foram agredidas por cerca de 15 homens, incluindo seguranças do espaço, com “nítida motivação transfóbica”.

    Zuri conta ainda que teve o nariz quebrado e aguarda por cirurgia. Além disso, a mulher afirma que teve os pertences furtados pelos homens.

    “Fui espancada por um grupo de homens, dentre eles seguranças, ambulantes e motorista do aplicativo Uber, que após me retirarem agressivamente do samba, iniciaram uma agressão verbal com falas transfóbicas como ‘pode bater que é tudo homem’, ‘eu pensava que era mulher, senão já tinha batido antes’, nos jogaram no chão e nos chutaram por todo o corpo, cabeça e rosto” explicou a designer em publicação no Instagram.

    Lua também escreveu um desabafo dizendo que jamais imaginava passar por uma situação como essa.

    “Eu juro, eu jamais imaginei passar por algo assim nessa existência, porém eu sou uma mulher trans preta nessa existência e minha vida não vale nada para eles”, desabafou.

    A Polícia Civil investiga a denúncia por da 5ª Delegacia de Polícia (Mem de Sá), onde o caso foi registrado. Os envolvidos foram ouvidos e os agentes buscam testemunhas e imagens de câmeras de segurança da região.

    O Casarão do Firmino afirmou que lamenta os fatos ocorridos e se sensibiliza com o relato das vítimas. Além disso, o estabelecimento disse que se compromete a reforçar o treinamento dos colaboradores. Confira a nota completa abaixo:

    “O Casarão do Firmino lamenta profundamente os fatos ocorridos na madrugada da última sexta-feira (19). A casa se sensibiliza com o relato das vítimas, e garante não tolerar qualquer tipo de violência, principalmente atos que possam ser decorrentes de discriminação.

    Queremos assegurar que somos comprometidos em promover um ambiente seguro e acolhedor no Casarão. A segurança e o bem-estar dos nossos frequentadores são sempre a nossa prioridade.
    Estamos à disposição das mulheres envolvidas no caso para acolhimento, apoio e apuração dos fatos, assim como das autoridades competentes para o esclarecimento da lamentável ocorrência.

    Desde já, o Casarão do Firmino se compromete a reforçar o treinamento de todos os nossos colaboradores, com o objetivo de garantir o respeito às diversidades – em especial ao público LGBTQIAP+, bem como racial e étnica – à dignidade humana e à liberdade de pensamento e de ideologia política.

    Inaugurado em Setembro de 2022, o Casarão do Firmino já foi palco para mais de 200 shows e se tornou um espaço conhecido publicamente por seu ambiente de união e alegria, além de respeito à diversidade de seu público. Isto se reflete na escolha dos artistas que se apresentam na casa e dos profissionais dedicados ao atendimento ao público. O Casarão abraça e seguirá abraçando todos os tipos de públicos, tratando a nossa comunidade de forma isonômica e respeitosa, sem espaço ao racismo, misoginia, LGBTQIAP+fobia e xenofobia em nosso acolhedor ambiente.”

    À CNN, a Uber disse que “não foi possível verificar o caso relatado porque, até o momento, não foi fornecida à empresa qualquer informação para checar se o motorista mencionado é cadastrado no aplicativo”.

    “De toda forma, sabemos que popularmente usa-se o nome ‘Uber’ como sinônimo para toda a categoria de aplicativos de mobilidade, bem como sinônimo da atividade de quem utiliza os apps para gerar renda. Por isso é fundamental verificar os dados para saber se o caso tem ou não relação com o aplicativo”, prosseguiu.

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