Com retomada no entretenimento, produtores de eventos projetam “2 anos em 1”
Pesquisa da Associação dos Promotores de Eventos calcula movimentação de R$ 355 bilhões até 2023 para recuperar perdas
Ao longo da pandemia do coronavírus, nos quatro cantos do mundo, o setor de entretenimento e eventos repetia um discurso comum: “fomos os primeiros a fechar e seremos os últimos a abrir”. O impacto na vida de quem depende disso foi calculado pela Associação dos Promotores de Eventos do Setor de Entretenimento e Afins (Apresenta). O levantamento da entidade aponta que 98% dos eventos foram afetados e 1,3 milhão de pessoas perderam o emprego.
O prejuízo calculado do começo da pandemia até o fim deste ano é de R$ 270 bilhões. Para dar conta de ficar no zero a zero, saindo do vermelho, os eventos brasileiros precisariam movimentar R$ 355 bilhões até o final de 2023.
O desafio é grande, mas há quem tenha a fórmula pra isso. Silvia Albuquerque, diretora da GL Events, administra a Jeunesse Arena. Ela conta que está alocando shows em datas que antes não teria atrações. “Este ano estamos fazendo dois anos em um. É incrível! Primeiro que os artistas querem fazer os shows, então todos eles estão com essa agenda de retomada. O público está, sim, aceitando. A gente tem tido muito sucesso nos eventos que estamos fazendo. A gente sente que as pessoas querem voltar, querem se divertir. A vida é uma só”, diz à CNN.
Carol Sampaio, a veterana
A percepção é a mesma da produtora Carol Sampaio, que cuida de camarotes nos maiores eventos do país, como Lollapalooza, Rock’n Rio e Carnaval na Sapucaí. É ela também a responsável pelo Baile da Favorita, que já tem 11 anos e levou o funk brasileiro para o Canadá, Estados Unidos e, agora, Portugal. “Eu acho que as pessoas estão mais intensas. As pessoas estavam sedentas por se divertir. Eu acho também que, como agora não tem mais o uso de máscaras, a gente está aprendendo a viver com esse novo normal”, disse ela à CNN.
Antes disso, houve momentos difíceis para pessoas que trabalhavam com ela nesse setor. “Foi muito difícil ver. Eu escutava muito ‘ah, o mundo de eventos, festa, deixa para lá’. Mas quando a gente via quem estava trabalhando com isso, era uma agonia que só quem trabalha com isso sabe. [Foi o caso] de eu ter funcionário que trabalha comigo, freelancer, há 17 anos, que não tinha mais dinheiro para pagar o gás da casa”.
Clarissa Müller, a estreante
Aos 23 anos, Clarissa Müller se prepara para o sexto show, marcado para, exatamente, daqui um mês. A primeira música autoral foi lançada no meio do ano passado e o primeiro encontro com o palco, em novembro. Ela acaba de receber um convite para gravar um clipe em Portugal. Será a primeira viagem internacional de uma carreira que começou bem no meio da pandemia do coronavírus.
Apesar de estar dando os primeiros passos, a cantora e compositora já é um fenômeno na internet. Tem mais de um milhão de ouvintes mensais no Spotify e mais de um milhão e meio de seguidores nas redes sociais, somando Tik Tok, Instagram, Youtube e Twitter. Pra chegar a esse marco, ela precisou enfrentar uma luta interna.
“Eu meu desencontrei e encontrei muitas vezes durante a pandemia. Eu luto muito com a minha saúde mental. Tem coisas que foram muito difíceis para mim durante a pandemia e imagino que para muita gente que sofre com as mesmas coisas que eu em relação a depressão e ansiedade. Então eu fui para lugares horríveis e que foram, bem ou mal, necessários para mim como artista, para me encontrar eventualmente e buscar ajuda. Então, esse momento, tão difícil pra tanta gente –e inclusive pra mim– acho que foi, de certa, forma necessário, para eu chegar no lugar que eu precisava como pessoa e como artista”, disse à CNN.
Ao crescer e amadurecer como artista durante a pandemia, Clarissa, encontrou no palco um alívio. “Eu dependo muito da reação do público e de quanto eles estão ali por mim e, em contrapartida, eu estou ali por eles. Então eu acho que o que me impediu de mostrar mais esse lado da minha personalidade mais introvertida foi justamente o público, ver as pessoas cantando as músicas que eu fiz no meu quarto durante a pandemia, gritando muito e chorando, se emocionando. Psra mim o palco é isso, sabe? um grande alívio! De muita coisa”, contou ela.