Com investimento de R$ 880 mil, acervo do Jardim Botânico será digitalizado
O objetivo é ampliar em 25% a capacidade de armazenamento do herbário, além de aquisição de novos equipamentos destinados à preservação das espécies
O acervo do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, considerado o maior da América do Sul, será ampliado e digitalizado após receber o investimento de R$ 880 mil em uma seleção feita pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio (Faperj). Os recursos serão utilizados para ampliação de 25% da capacidade de armazenamento do herbário, onde plantas desidratadas são preservadas, aquisição de um novo sistema de climatização e uma câmara fria destinada ao laboratório de sementes.
As coleções biológicas da Instituição reúnem cerca de 850 mil amostras, incluindo coleção de frutos, bancos de sementes, DNA, amostras de madeiras, plantas desidratadas e etnobotânica, ciência que estuda a relação entre o homem e as plantas. De acordo com coordenadora das coleções biológicas da Diretoria de Pesquisas do Jardim Botânico, Rafaela Forzza, os acervos são imprescindíveis para entender as mudanças climáticas no planeta e o conjunto de todos os organismos vivos de um local, chamado de biota.
“A falta de informações sobre a real distribuição das espécies no planeta é um dos principais obstáculos para avaliar as ameaças e propor formas eficazes para a conservação da biodiversidade em nível global, regional e local”, afirma Rafaela.
O financiamento garantirá, ainda, a restauração de 80 mil amostras vindas das restingas e mangues de todo o estado, hoje praticamente inexistentes. A coleção, doada em 2017, pertencia à antiga Fundação Estadual de Engrenharia do Meio Ambiente (Feema) e abriga o maior número de exemplares coletados nas últimas décadas no Parque Nacional da Floresta da Tijuca e em áreas verdes da capital fluminense.
“Depois de ter sido doada ao Jardim Botânico, essa coleção passou por um minucioso processo de descontaminação e acomodação no prédio que abriga o nosso herbário. No entanto, ainda é preciso muito trabalho para que todas as valiosas informações da coleção possam estar acessíveis. As amostras precisam ser restauradas, digitalizadas e incorporadas ao acervo, permitindo que seus dados sejam plenamente utilizados por cientistas e como mais uma fonte de subsídios às políticas públicas do estado”, ressalta Rafaela.
Em um prazo de três anos, todas as ações devem estar concluídas. A diretora de pesquisa da Instituição ressalta que o herbário do Jardim Botânico está entre os 100 maiores do mundo e lembra que a manutenção e ampliação da capacidade instalada são desafios constantes de um acervo que incorpora cerca de 25 mil novas amostras anualmente.
“O acervo cresceu muito além do esperado, à medida que foi ganhando reconhecimento nacional e internacional. Em 20 anos, o número de amostras mais que dobrou, e a necessidade de ampliação da área ocupada pela coleção é urgente. Em 2000, havia 350 mil amostras, hoje são mais de 850 mil”, explica.
Entre os investimentos previstos, Rafaela destaca a importância da aquisição de uma câmara fria para o banco de sementes, já que a atual está em capacidade máxima de armazenamento.
“Uma nova câmara vai ampliar a capacidade do acervo. Além disso, as amostras depositadas no banco de sementes ainda não possuem código de barras, sendo que esse é o método mais seguro para vincular dados e imagens em sistemas de informação”, afirma.
Já a presidente do Jardim Botânico, Ana Lúcia Santoro, pontua que a Instituição desempenha papel fundamental no estudo e conservação da flora do país há mais de dois séculos.
“As coleções mantidas sob a guarda da instituição são de excelência e reconhecidas internacionalmente pela qualidade científica e preservação. Esperamos, ao fim dos 36 meses, ter ampliado a capacidade institucional do Jardim de manter e conservar seu acervo botânico, físico e digital, e seguir cumprindo sua missão na catalogação e difusão de dados sobre a biodiversidade brasileira”, afirma.