Colapso em mina de Maceió: solo afunda em um dia o equivalente ao registrado anualmente no passado
Imagem feita com drone mostra um pequeno avanço da lagoa situada nas proximidades da mina 18, em Maceió
Os técnicos da sala de situação montada para acompanhar a situação da mina da Braskem, que corre risco iminente de colapsar em Maceió, constataram que a velocidade de afundamento do solo no local diminuiu neste domingo (3). Apesar disso, o grupo seguirá com o monitoramento integral na região.
A fiscalização se faz necessária, pois, segundo os especialistas, o deslocamento vertical do solo na região da mina ainda é alto, com movimentação diária semelhante ao que era observado anualmente durante últimos anos de monitoramento.
A sala de situação é composta por integrantes do Ministério de Minas e Energia (MME), do Serviço Geológico do Brasil (SGB) e da Agência Nacional de Mineração (ANM).
Neste domingo, foi registrado um afundamento de 10 centímetros no período de 24 horas ante um deslocamento de 15 centímetros observado no sábado (2). Nenhum abalo sísmico foi registrado durante o dia de ontem.
Uma imagem feita com drone e divulgada no relatório elaborado pelos integrantes da sala de situação mostra um pequeno avanço da lagoa situada nas proximidades da mina.
O grupo tem uma próxima reunião marcada para o final da tarde de hoje (4) para analisar os dados produzidos durante o dia.
Chegada de reforços
Na manhã de hoje (4), a Defesa Civil de Alagoas informou que já chegaram ao estado os técnicos do Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro (DRM), que irão passar uma semana em Maceió para avaliação de riscos na região da mina 18, com possibilidade de colapso iminente.
Ainda hoje, representantes da defesa civil estadual se reunirão com os especialistas do DRM para dividir informações sobre a mina para que os técnicos iniciem os trabalhos.
Prefeito viaja a Brasília
O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC, viaja nesta segunda-feira (4) a Brasília, onde se encontra com autoridades para tratar da iminência do colapso da mina 18 da Braskem.
Segundo a assessoria, o prefeito deve solicitar ajuda de diversos órgãos federais ao município. Há reuniões agendadas, nesta tarde, com o presidente da Caixa, Carlos Fernandes, com o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldemar Goez, e com o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula.
Entenda o caso
A Prefeitura de Maceió decretou situação de emergência, na última quarta-feira (29), por risco iminimente de colapso de uma mina da petroquímica Braskem na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange. Segundo o governo do estado, houve cinco abalos sísmicos na área no mês de novembro, e o possível desabamento pode ocasionar a formação de grandes crateras na região.
A Defesa Civil de Alagoas alertou que uma ruptura no local pode ter um efeito cascata em outras minas.
O que diz a empresa
A Braskem informou que continua mobilizada e monitorando a situação da mina 18, localizada no bairro do Mutange, em Maceió. A petroquímica diz que utiliza de equipamentos de última geração para garantir a detecção de qualquer movimento do solo. A região de risco está isolada desde terça-feira (28) e a empresa vem apoiando a realocação dos moradores de 23 imóveis da região.
“A extração de sal-gema em Maceió foi totalmente encerrada em maio de 2019, e a Braskem vem adotando as medidas para o fechamento definitivo dos poços de sal, conforme plano apresentado às autoridades e aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Esse plano registra 70% de avanço nas ações, e a conclusão dos trabalhos está prevista para meados de 2025”, pontuou a companhia.
Minas de Maceió
As minas da Braskem em Maceió são cavernas abertas pela extração de sal-gema durante décadas de mineração na região. Essas cavernas estavam sendo fechadas desde 2019, quando o Serviço Geológico do Brasil (SGB) confirmou que a atividade realizada havia provocado o fenômeno de afundamento do solo na região, o que obrigou a interdição de uma série de bairros da capital alagoana.
Ainda em 2018, foram identificados danos semelhantes em imóveis e ruas do bairro do Mutange, localizado abaixo do Pinheiro e à margem da Lagoa Mundaú; e no bairro do Bebedouro vizinho aos outros dois. Em junho de 2019, moradores do bairro do Bom Parto relataram danos graves em imóveis.
Desde então, o Ministério Público Federal em Alagoas (MPF-AL) acompanha o caso, tendo assumido, em dezembro de 2018, a apuração dos fatos e iniciado atuação preventiva em favor dos moradores.
Em julho deste ano, a prefeitura da cidade fechou um acordo com a empresa assegurando ao município uma indenização de R$ 1,7 bilhão em razão do afundamento dos bairros, que teve início em 2018.