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    Coalizão Negra vai denunciar crimes de racismo e xenofobia à ONU após morte de Moïse

    Em nota, a Anistia Internacional destacou que o caso reproduz um padrão sistemático de violência perpetrada contra pessoas refugiadas e negras no Brasil

    Camille CoutoCleber Rodriguesda CNN , Rio de Janeiro

    A Coalizão Negra informou que vai denunciar a morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambeao ao Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas (ONU). Articulados por mais de 250 movimentos e coletivos nacionais, eles irão pedir medidas contra possíveis crimes de racismo e xenofobia. O documento ainda está em fase de produção e a previsão é que seja enviado à ONU ainda na quarta-feira (2).

    Nesta terça-feira (1º), representantes do Subcomitê de Combate à Tortura da ONU se reuniram com lideranças de movimentos sociais para falar sobre os maus tratos e tortura do sistema prisional, das polícias e o desmonte da política nacional de enfrentamento e combate à tortura. Durante a reunião, o grupo relatou para os representantes da ONU o assassinato brutal de Moise. O jovem congolês foi espancado até a morte em um quiosque da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

    A Anistia Internacional também se pronunciou publicamente enfatizando que não se pode ignorar a violência sofrida pela vítima e destacou que o caso reproduz um padrão sistemático de violência perpetrada contra pessoas refugiadas e negras no Brasil: “Em nosso país, a xenofobia e o racismo estrutural caminham lado a lado na perpetuação das condições de vulnerabilidade social que ameaçam a dignidade, a segurança e a vida de imigrantes negros como Moïse Kabamgabe.”

    À CNN, a Embaixada da República Democrática do Congo informou que Moïse é a terceira vítima no Rio de Janeiro e a quinta no Brasil, sendo um caso em São Paulo e outro em Brasília. Um documento cobrando respostas dos casos ao governo brasileiro foi enviado ao Itamaraty.

    Em Nota, o Itamaraty expressou indignação com a barbárie e afirma que espera que o culpado ou culpados sejam levados à Justiça no menor prazo possível. Equipes da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da Agência da ONU para as Migrações (OIM) no Brasil e do PARES Cáritas RJ também informaram que estão acompanhando o desfecho do caso.

    No fim da manhã desta quarta-feira (2), os três homens suspeitos de espancarem Moïse até a morte foram transferidos da Divisão de Homicídios para o presídio em Benfica, Zona Norte do Rio. Pela manhã, a justiça fluminense decretou a prisão temporária dos três, enquanto a Polícia Civil prossegue com as investigações.

    De acordo com a Comissão dos Direitos Humanos da OAB, familiares do congolês devem ser ouvidos pela polícia ainda nesta quarta, na Divisão de Homicídios da Barra da Tijuca. Imagens obtidas pela investigação mostram que o congolês foi agredido durante 15 minutos.

    A CNN teve acesso a todas as imagens do circuito interno do quiosque e decidiu exibir os trechos que mostram a emboscada a Moïse. As agressões não serão exibidas.

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