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    CNN No Plural+: Bandeira da diversidade e a força do arco-íris

    “Neste momento, a indústria de automóveis está sendo convidada a abandonar o padrão homem branco heterossexual e refletir a pluralidade que de fato nos representa. Esse é um redirecionamento urgente, tanto do ponto de vista mercadológico quanto do ponto de vista social” explica Ana Cortat, publicitária e head de Estratégia e Dados da agência Soko

    Bandeira LGBT ao lado da bandeira da visibilidade trans
    Bandeira LGBT ao lado da bandeira da visibilidade trans Divulgação

    Rafael Câmarada CNN

    São Paulo

    Você já se viu na TV?  Estranha a pergunta né?   

    Eu explico. Quem é hetero não vai ter dúvida de responder que sim.  

    Eu, com quarenta anos, homem cis e gay, posso dizer que hoje eu me sinto um pouco representado.    

    Lembro, nos anos noventa, do clipe “Obrigado não” da Rita Lee. Aos 11 segundos do vídeo, sei bem por que vi inúmeras vezes, dois homens se beijavam. 

    Não durava um segundo, mas para mim era uma eternidade.  

    Parece besteira né? Mas para quem não se enxergava em lugar algum era como: “Ei, você não está sozinho”.   

    Voltando aos dias de hoje, os videoclipes, novelas e propagandas reservam, sem dúvida, um espaço muito maior às “nossas demonstrações de afeto”, mas isso ainda a duras penas.   

    Um exemplo é campanha da Volkswagen do Brasil que trouxe Diego e Murilo abraçados, com um carro de fundo. Campanha essa apenas nas redes sociais.  

    O casal gay, que vive em Curitiba, sofreu ameaças e precisou ir à delegacia.  

    Ainda não é nada fácil mostrar o óbvio, que nós somos milhões no mundo. Mas eu não quero falar do comportamento humano e nem dar espaço para esses homofóbicos.   

    O que eu quero saber é: Quando uma empresa resolve levantar a bandeira da diversidade?  

    Nós vivenciamos um período em que os consumidores estão mais conscientes do que nunca sobre a relação e impacto que empresas possuem na sociedade. E, dadas essas mudanças no comportamento, o ideal é que as empresas sempre considerem o valor percebido pelos consumidores nas suas ações, somado ao que é considerado ético e moral perante as características sociais do país, explica o consultor e professor da ESPM, Caio Bianchi.  

    Considerar o que é ético não garante o fim de represálias, já que vivemos em uma democracia.  

    Uma campanha publicitária, a menor que seja, deixa claro a todos o posicionamento da empresa, não interessa se você goste ou não, ou melhor: interessa que a maioria aprove, mesmo não sendo o “cliente final”. 

    A equipe responsável pelo planejamento de marca precisa considerar os fatores micro e macro ambientais que podem estar envolvidos em uma campanha. No caso da campanha em questão, a expectativa é que tenha sido feito um balanço sobre os seus impactos e, em última instância, a conclusão tenha sido positiva – como temos visto em outros casos nos últimos anos

    Caio Bianchi, consultor e professor da ESPM

    Somente no perfil da montadora no Facebook, foram mais de trinta mil reações, a maioria positivas. Vinte e um mil comentários e um milhão e trezentos mil compartilhamentos 

    Não é novidade que o mercado automobilístico sempre foi pautado pelo masculino. Carros que, durante muito tempo, foram pensados para homens brancos e héteros. Do design ao “ronco” dos motores.  

    Mas felizmente, não só o mundo está mudando, mas o mercado também. 

    Neste momento, a indústria de automóveis está sendo convidada a abandonar o padrão homem branco heterossexual e refletir a pluralidade que de fato nos representa. Esse é um redirecionamento urgente, tanto do ponto de vista mercadológico quanto do ponto de vista social, faz todo sentido que mulheres, pessoas pretas e pessoas LGBTQIA+ sejam representadas pela comunicação de automóveis, nos contou a publicitária e head de estratégia e dados da Soko, Ana Cortat. 

    É urgente a comunidade se reconhecer nas propagandas, principalmente porque somos grandes consumidores. Mas essa aproximação tem que vir junto com a disposição de investir contra a intolerância, a discriminação pra quebrar padrões tóxicos. 

    Ai está o papel das marcas.  

    As campanhas publicitárias legitimam e propõem mudanças, transformam valores, crenças e compartamentos. E o ideial é que essas transformações ocorram de fato.  

    Fui atrás da montadora Volkswagen para entender como ela realmente vê ou melhor vive a cultura da diversidade. 

    E sim, eles fizeram esse movimento de dentro para fora.  

    A Volkswagen lançou cartilhas de Diversidade & Inclusão para os colaboradores, para toda sua cadeia de fornecedores e rede de concessionárias no Brasil e, continuamente, desenvolve debates e programas de desenvolvimento interno para todas as esferas hierárquicas.

    Volkswagen do Brasil, em entrevista a CNN

    Em 2019 a montadora publicou um Manual de Política de Diversidade e este ano pretende lançar grupos de diálogos pautados pelas cinco agendas da ONU – gênero, gerações, raça e etnia, LGBTQIA+ e PCD.  

    Na semana passada, falamos, da perspectiva empresarial, sobre a importância de políticas internas que busquem a diversidade e que funcionários LGBTQIA+ consigam se sentir seguros no ambiente de trabalho e assim possam alcançar todos os cargos nas empresas. E a Volkswagen é um exemplo disso. 

    As marcas decidem, dentro do seu portifólio estratégico, como elas querem ser reconhecidas, qual vai ser o resultado desse instrumento de comunicação, no que ela se apoia, no que ela se engaja, o que ela quer transmitir”, deixou claro o professor em comportamento do consumidor da ESPM, Evandro Luiz Lopes 

    E que mais e mais empresas sigam esse caminho.  

    Importante para quem faz: as companhias.

    Importante para quem se sente: a comunidade LGBT.

    Importante para o mercado: cada vez mais diversos.

    • Produção: Letícia Brito e Carol Raciunas