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    Cinco pontos para entender a perseguição e morte de Lázaro Barbosa

    Busca pelo suspeito em Goiás e no Distrito Federal já durava 20 dias; segundo a polícia, ele foi baleado durante uma troca de tiros na mata

    Anna Satie*, da CNN, em São Paulo

    Lázaro Barbosa, de 32 anos, chamado de “serial killer do Distrito Federal”, foi morto pela polícia de Goiás nesta segunda-feira (28), pondo fim a uma busca que já durava 20 dias. 

    Segundo a polícia, o acusado foi baleado durante uma troca de tiros na mata, em Águas Lindas, no interior de Goiás. Ele foi socorrido, mas morreu na ambulância a caminho de um hospital da região.

    Segundo o secretário de Segurança do estado, Rodney Miranda, a investigação continuará.

    Entenda o caso Lázaro:

    Os crimes de Lázaro

    Lázaro era investigado por mais de 30 crimes nos estados de Goiás, Bahia e Distrito Federal. A maioria é referente a latrocínios — roubos seguidos de mortes.

    A perseguição a ele começou no último dia 9, após a morte de um empresário e de seus dois filhos, de 15 e 21 anos, a tiros e facadas, em Ceilândia. A mulher e mãe dos rapazes ficou desaparecida por três dias — o corpo dela foi encontrado depois na beira de um córrego, próximo de onde a família morava. 

    A polícia confirmou que Lázaro também é investigado pela morte de um caseiro no distrito de Girassol, em Goiás, no dia 5 de junho, quatro dias antes do assassinato da família em Ceilândia.

    Lázaro já respondeu também a um processo por homicídio quando tinha 20 anos, em Barra do Mendes, no interior da Bahia, onde nasceu. Em 2011, já em Ceilândia, foi condenado por estupro, roubo e porte ilegal de arma de fogo. Ele chegou a ser preso em 2018, em Águas Lindas de Goiás, mas fugiu do encarceramento poucos meses depois.

    A perseguição

    Policiais se mobilizam para capturar Lázaro Barbosa
    Policiais se mobilizam para capturar Lázaro Barbosa, foragido suspeito de assassinatos em série, em Girassol, distrito do município de Cocalzinho de Goiás (GO)
    Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo (17.jun.2021)

    A força-tarefa para capturar Lázaro contou com cerca de 270 agentes da Polícia Civil e Militar de Goiás e do Distrito Federal, da Polícia Federal, e de outros órgãos, como o Corpo de Bombeiros goiano e a Diretoria Penitenciária de Operações Especiais do Distrito Federal, além de equipes de inteligência da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional.

    Cães farejadores, drones, helicópteros, aparelhos com visão noturna e sensor de calor também foram usados para vasculhar a mata de Cocalzinho de Goiás, região de difícil acesso que Lázaro conheceria bem, por ser onde parte da família dele morava.

    Morte

    A polícia teria sido notificada de que Lázaro se encontraria com a ex-mulher e a ex-sogra na região de Águas Lindas, onde um cerco foi montado durante toda a madrugada.

    Segundo a polícia, Lázaro foi morto após trocar tiros com os agentes. Ele foi encaminhado a um hospital da região, mas morreu na ambulância. O IML informou que não há previsão para a conclusão da perícia do corpo.

    A morte do suspeito deixa em aberto perguntas que surgiram ao longo da investigação, como a suspeita de que ele teria tido ajuda de outras pessoas durante a fuga.

    Ajuda de outras pessoas

    Secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda
    Secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda
    Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

    Na última quinta-feira (24), duas pessoas foram presas em Cocalzinho – o fazendeiro Elmir Caetano Evangelista e o caseiro Alain Reis dos Santos, suspeitos de ajudarem Lázaro a se esconder da polícia.

    Santos foi posto em liberdade provisória logo depois, mas a prisão de Evangelista foi convertida para preventiva, sem prazo para ser encerrada.

    “Eles estão sendo autuados agora por porte ilegal de arma de fogo e por facilitação da fuga. Uma pessoa, testemunha, o viu (Lázaro) e depois, na entrevista que nós fizemos com os dois que estão sendo autuados, os dois confirmaram que ele estava realmente lá e que ele passou as últimas noites”, afirmou Rodney Miranda, secretário de Segurança de Goiás.

    No depoimento do caseiro, ele relatou que Lázaro chegou a dormir por cinco dias na fazenda onde ele trabalhava, e que recebeu ordens para que a polícia não entrasse na fazenda.

    Ele ouviu o empregador, Evangelista, chamando por Lázaro na hora do almoço, informando que a comida estava pronta, e que ele estava fazendo quantidades maiores de alimentos.

    Ele alega ainda que viu Lázaro em duas ocasiões: na área da churrasqueira, mancando e fugindo, logo depois, para uma área de mata; e entrando correndo e se escondendo em um cômodo da casa. O caseiro disse que não avisou aos policiais que Lázaro estaria escondido lá por ter sido ameaçado de morte.

    A SSP acredita que haveria uma “rede criminosa” que apoiaria Lázaro.

    A investigação continua

    Policiais se mobilizam para capturar Lázaro Barbosa
    Policiais se mobilizam para capturar Lázaro Barbosa, foragido suspeito de assassinatos em série, em Girassol, distrito do município de Cocalzinho de Goiás (GO)
    Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo (17.jun.2021)

    Por esse motivo, o QG da polícia montado em Águas Lindas será mantido, informou o secretário nesta segunda-feira (28).

    “É um absurdo tentar evitar que a polícia chegue a um sujeito de tão alta periculosidade, só pode ser porque eram parceiros em outros crimes”, disse ele a repórteres. 

    Para ele, o fazendeiro preso seria “um dos principais partícipes dessa organização”. “Temos a linha de investigação que fala sobre a ajuda de Lázaro dada pela ex-mulher e ex-sogra, não sabemos se o fazendeiro é o chefe”, disse o secretário em outra ocasião.

    Em entrevista à CNN, o governador do estado, Ronaldo Caiado (DEM), disse que o homem não era um “lobo solitário”.

    “Esse assassino não era um lobo solitário, teve conivência de outras pessoas para sobreviver todo esse tempo. Teve acesso a telefone celular, informações sobre a polícia, estava recebendo informações, além do conhecimento que já tinha da área”, disse Caiado.

    Segundo o governador, as investigações mostrarão se, de fato, Lázaro Barbosa agia sozinho ou contou com a ajuda de outras pessoas para fugir da polícia, ter acesso a telefones celulares e cometer outros crimes. 

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    (*Com informações do Estadão Conteúdo, Rafaela Lara, Marina Demori e Pedro Teixeira, da CNN)

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